Realizada anualmente, a pesquisa que dá origem a este guia procura mapear os recursos produtivos dos transformadores que trabalham com injeção e também traçar um rápido perfil do segmento, o que é feito por meio de um questionário complementar respondido de forma espontânea pelas empresas participantes. Este ano, além de caracterizar o setor quanto à sua capacidade, também questionamos como cada empresa está enfrentando a crise desencadeada pela pandemia de Covid-19 e quais serão os seus próximos passos diante dessa nova realidade.


Inicialmente, os resultados permitiram ranquear os setores da atividade econômica para os quais as participantes fornecem. O mais representativo deles (veja o gráfico 1) hoje é o segmento automobilístico, seguido, por ordem de relevância, pelo de embalagens, utilidades domésticas, construção civil, médico/hospitalar, eletrônicos, agronegócio, material elétrico/energia, brinquedos, eletrodomésticos, móveis, mercado pet (animais de estimação), ferramentas elétricas e calçados.

Fig. 1 – Setores que consomem peças injetadas, ordenados pelo número de empresas que os mencionaram (eixo esquerdo) e por relevância (percentual de participação nos volumes produzidos, eixo direito)

 

Pela primeira vez em cerca de vinte anos de levantamento, o segmento médico-hospitalar apareceu em posição de destaque, muito provavelmente pelas novas oportunidades que estão surgindo em decorrência da crise sanitária atual.

 

Atestando que havia boa perspectiva de melhora de desempenho da economia antes da crise sanitária, a pesquisa revelou que 51,7% das empresas adquiriram novas máquinas nos últimos 12 meses, sendo 47% delas novas (predominantemente importadas) e 53% usadas, um indicador de como o mercado de segunda mão vinha sendo uma boa alternativa para as empresas fazerem frente a novas demandas com investimentos moderados. Em relação a bens de produção, foi apurado ainda que 15% das empresas participantes possuem robôs em suas instalações, e 16% já dispõem de impressoras 3D como meio auxiliar de desenvolvimento ou fabricação.

 

Como pode ser visto no gráfico 2, o polipropileno (PP) é o material mais processado por essas empresas, seguido pelo polietileno (PE), pelos plásticos de engenharia, poli(cloreto de vinila) (PVC), poliestireno (PS), PET, elastômeros termoplásticos, bioplásticos, poliuretano (PU) termoplástico, e outros como compostos com carga de madeira (WPC) e poliestireno expandido (EPS). O uso de material reciclado, em proporções bastante variáveis, foi apontado por 70% das empresas, um índice representativo, tendo em vista que boa parcela do mercado de injeção fabrica bens duráveis e com especificações rigorosas em relação aos materiais utilizados.

 

 

Fig. 2 – Gráfico indicador da porcentagem de materiais processados pelas empresas participantes

 

 

Pandemia e o ambiente de produção

 

O impacto da pandemia nos negócios da transformação de plásticos teve diferentes nuances, envolvendo desde empresas que enfrentaram cancelamento em massa de pedidos diante da incerteza inicial, até aquelas que passaram a ocupar sua capacidade produtiva com a fabricação de itens essenciais aos cuidados de higiene que visam conter a disseminação do coronavírus.


De acordo com o levantamento (veja o gráfico 3), a principal dificuldade enfrentada desde o início da pandemia está relacionada à redução geral do consumo, com o consequente cancelamento de pedidos, seguido pela necessidade de adaptação das escalas de trabalho devido às determinações de isolamento social, abastecimento de matéria-prima, dificuldades na distribuição dos produtos, adaptação dos parques fabris às condições recomendadas pela Organização Mundial da Saúde e, por último, o pessoal licenciado por suspeita ou confirmação de contaminação.

Fig. 3 – Principais dificuldades enfrentadas pelas empresas em decorrência da pandemia


Em consequência, 67% das pesquisadas afirmaram que pretendem suspender investimentos que estavam previstos antes da crise, e 24% informaram que demitiram ou demitirão funcionários, em proporções que vão de 10% a 70%.


Outro reflexo percebido foi a mudança de planejamento estratégico de algumas companhias: 16% informaram que pretendem investir em recursos de automação como forma de enfrentar possíveis problemas futuros com mão de obra, e outros 9% devem adquirir sistemas que facilitem o monitoramento remoto de suas instalações em situações semelhantes que possam ocorrer no futuro.

 

A crise, porém, teve boas consequências para 20% das pesquisadas. Entre os fatores que influenciaram positivamente o seu desempenho nos últimos meses estão a fabricação de itens destinados à limpeza e desinfecção, o aumento do consumo de embalagens em geral (incluindo o decorrente do uso mais frequente de serviços de entrega), o incremento do mercado de produtos farmacêuticos para fortalecer a imunidade e também o fim da proibição de uso de itens descartáveis.

 

Entre as companhias representadas neste recorte, 6% precisaram aumentar seu quadro de funcionários, 5% aumentaram sua capacidade produtiva e 7% fizeram novas parcerias para fabricação terceirizada.

 

 

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