por Flávio Silva*


 

Assim como ocorreu com todas as resinas termoplásticas, o preço do polipropileno (PP) vem despencando desde o início do ano passado (2022). As razões principais foram a queda dos preços internacionais de petróleo e nafta (que impactam diretamente os preços das resinas termoplásticas) e a menor demanda local, que acarretou a formação de estoques nos transformadores.

 

O gráfico abaixo, parte da nossa série histórica, considerando como base = 1 o mês de janeiro de 2022, mostra a evolução dos preços do PP nos últimos meses aqui no Brasil.

 


 

Fonte: OHXIDE Consultoria


 

Desde janeiro de 2022 até maio deste ano, o preço do PP recuou mais de 33%. E, como mostra a linha tracejada no gráfico, no mês de junho (cujos dados estão em fase de consolidação) tivemos mais uma queda na média dos preços praticados, o que deve se repetir em julho, ainda que em um patamar menor.

 

Pelo lado da demanda, o mercado andou um pouco “tenso” até junho, com players traçando estratégias de utilizar seus estoques para reduzir custos de aquisição mais altos, além de ficar de olho na queda de preços para comprar da melhor forma possível. Porém, observa-se também certa cautela devido à várias incertezas inerentes ao nosso país, tais como a questão fiscal, a taxa de juros e a inadimplência, que aumentou muito. O gráfico abaixo traz mais informações sobre como se comportou a demanda desta resina:

 


 

Fonte: OHXIDE Consultoria


Pela série histórica fica claro que o primeiro trimestre apresentou demanda acima da verificada no mesmo período no ano passado (2022), porém abaixo do primeiro trimestre de 2021. O início do ano passado foi marcado pelo começo da guerra na Ucrânia e com a disparada de preços todos os setores ficaram paralisados na espera do que iria acontecer. Era esperado que este ano fosse melhor, mas os dados mostram atividades aquém das expectativas gerais do mercado.

 

Para este primeiro trimestre, um dado que mostra uma perspectiva diferente é a participação dos players no setor. Historicamente a Braskem tem cerca de 75% de market share no mercado de polipropileno. Neste primeiro trimestre, no entanto, ela fechou com cerca de 72%, mas há mais fatos a considerar. Desde o terceiro trimestre de 2022 ela vem apresentando participação abaixo da sua média, indicando um avanço de importações no mercado nacional.

 

Vamos explorar um pouco estas importações, analisando o ano de 2023 até o mês de maio (base de dados disponível até a data de elaboração deste artigo). Nestes primeiros cinco meses do ano, o País importou cerca de 202 mil toneladas de resina de polipropileno, como mostra o gráfico abaixo:

 


 

Fonte: OHXIDE Consultoria


Pode ser surpresa para alguns, e para outros não, mas o principal país que atualmente fornece resinas de PP para o Brasil é a Arábia Saudita. E como esperado, Colômbia e Argentina estão igualmente bem posicionadas. A mesma análise pode ser feita do ponto de vista dos estados que são destino das importações (gráfico a seguir):


 

Fonte: OHXIDE Consultoria


O destaque absoluto é do Estado de Santa Catarina, para onde foi quase metade das importações deste. Isso reflete não só a quantidade de empresas que vem se instalando no estado, como a questão tributária diferenciada para importação. Com isso, muitos traders colocam seus estoques em Santa Catarina para baratear seus produtos, e os distribuem a partir de lá para todo o País. O estoque fica, logisticamente, próximo do principal centro consumidor que é São Paulo, isso sem contar as estruturas portuárias, tanto do complexo de Itajaí, quanto de São Francisco do Sul, que são muito boas para o comércio. Fica clara a vantagem desse estado quando se observam os demais portos de entrada no País, no gráfico a seguir.

 


 

Fonte: OHXIDE Consultoria


Vemos que Santa Catarina, com, Itajaí e São Francisco do Sul, continua na liderança. O porto de Salvador tem algum destaque, mas o Estado da Bahia em si não tem a mesma representatividade, pois, na verdade, mais de 92% do que entra pelo porto de Salvador vai para Manaus.

 

Conhecer estes fluxos e detalhes permite às empresas se preparar melhor e gerar valor para seu negócio. Com dados detalhados sobre os fluxos é possível identificar, na maioria dos casos, importador e exportador. A tabela abaixo, por exemplo, mostra quais são os principais exportadores de PP para o Brasil.


 

Fonte: OHXIDE Consultoria


 

As nove empresas acima representam cerca de 72% do volume de PP importado pelo Brasil de janeiro até abril deste ano. Além destas, existem outras 173 empresas que efetivaram exportações para nosso país neste período, o que mostra como o mercado está se movimentando em busca das melhores ofertas.

 

 

*Flávio Silva é sócio-diretor da OHXIDE Consultoria (Rio de Janeiro, RJ e Paulínia, SP), que elabora relatórios mensais de preços e mercado, uma publicação que cobre sete famílias de produtos (PE, PP, PVC, PET, PS, ABS e SAN) em três regiões (SP, Sul e NE). Informações pelo e-mail ohxide@ohxide.com.br.

 

 

Veja mais análises do mercado de resinas plásticas na coluna Petroquímicos



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