por Flávio Silva*

 

O policloreto de vinila (PVC) é um dos plásticos mais conhecidos do público em geral, e nesta edição da coluna vamos tratar um pouco do mercado dessa resina no Brasil e também das tendências para o próximo ano.

 

O País conta hoje com dois grandes produtores de resinas de PVC: a Braskem, com duas unidades, uma em Camaçari (BA) e outra em Maceió (AL). Juntas, somam uma capacidade de 710 mil toneladas por ano, e a Unipar, com sua unidade em Santo André (SP) possui capacidade produtiva de 300 mil toneladas por ano.

 

 

O gráfico abaixo mostra a evolução do balanço da oferta e demanda da resina de PVC no Brasil.

 

Fonte: Comex Stat, Braskem e Unipar, com elaboração de Ohxide Consultoria

 

Observando o gráfico fica claro que há falta de capacidade local para atendimento da demanda nacional. Ainda mais se considerarmos que os produtores locais não estão conseguindo atingir um nível ótimo de volume de produção, principalmente a Braskem.

 

Percebe-se também pelo gráfico que existem períodos em que a demanda de PVC é bem superior à oferta local. Em um cenário de economia aquecida, ocorrendo estes níveis de demanda, isto obrigaria consumidores a importar grandes volumes adicionais, mesmo no caso de a produção local estar no máximo.

 

Porém, a taxa operacional média deste período, analisada no gráfico, foi de 65%. Muito baixa para unidades petroquímicas. Existe o impacto do problema de Alagoas da Braskem mas, mesmo assim, poderia haver um volume maior de produção. Este efeito já está implicando em aumento dos volumes de produtos importados, com igual perspectiva para próximos anos.

 

Com isso, as importações têm cada vez mais ganhado mercado, com players regionais atuando mais fortemente no setor. Além, é claro, do acordo da Braskem com a Mexichem na importação de grades que a empresa não produz localmente, tais como produtos especiais. Já a Unipar traz resina da sua unidade na Argentina para atender uma parte do mercado nacional. Entre os players internacionais que mais atuam no Brasil estão: Mexichem, Shintec e Hanwha, entre outras.

 

O gráfico a seguir mostra a origem do PVC importado pelo Brasil nos primeiros meses do ano.

 

Fonte: ComexStat, com ajustes e elaboração de Ohxide Consultoria

 

A Colômbia aparece em primeiro lugar devido às importações oriundas da Mexichem (que é dona da marca Amanco) e os Estados Unidos em segundo, também com importações via Mexichem, além das importações diretas de consumidores Fortlev, Krona e Karina, entre outros.

 

Como se sabe, o maior uso do PVC se dá na construção civil e na infraestrutura (cerca de 70% da demanda de PVC foi para este setor nos últimos anos), embora venha ocorrendo uma distribuição maior entre outras aplicações ultimamente, como em produtos médicos, calçados, agronegócio, alimentos e até mesmo higiene e limpeza.

 

Portanto, um bom indicador de tendência é o nível de investimentos em obras, sejam elas de cunho civil/habitacional ou industrial, pois o reflexo na demanda de PVC é direto. O setor de construção civil terminou o ano de 2022 com uma expansão de 6,9% em relação ao ano anterior e com perspectivas para o este ano de crescimento de 2,5%. Porém, agora, passados quase três trimestres do ano, estas projeções já convergem para números menores, em torno de 1,5% de crescimento, muito por conta da taxa de juros mais alta que reduz o apetite do consumidor para a compra de imóveis.

 

Para este final de ano e para o ano que vem (2024) o setor espera que dois fatores de grande peso entrem em campo para alavancar a construção. O primeiro é o novo programa Minha Casa Minha Vida, que está mais atrativo e abrange um público maior. O segundo, com maior reflexo no ano que vem, é a perspectiva de queda da taxa básica de juros, que afeta diretamente a contratação de financiamentos imobiliários.

 

A expectativa é de crescimento da demanda de PVC ao final de 2023. Porém, será em menor proporção do que o que estava projetado no início do ano. Com o fechamento do terceiro trimestre, teremos mais clareza sobre números finais que o mercado de PVC deve atingir. E para 2024, pelos motivos já citados anteriormente, existe hoje uma boa expectativa de crescimento de mercado.

 

Se quiser conhecer mais sobre este mercado ou de outras resinas e suas aplicações e ainda ter acesso a uma série de outras informações entre em contato com a Ohxide. Temos também nosso relatório mensal de preços e mercado, uma publicação que cobre sete famílias de produtos (PE, PP, PVC, PET, PS, ABS e SAN) em três regiões (SP, Sul e NE).

 

Imagem: Freepik

 

 

*Flávio Silva é sócio-diretor da Ohxide Consultoria (Rio de Janeiro, RJ e Paulínia, SP)

 

 



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