A Eco Brasil Biopolímeros (Florianópolis, SC) anunciou os resultados de um estudo feito em parceria com a Universidade Federal do Paraná (UFPR) sobre degradação dos seus compostos termoplásticos biodegradáveis baseados nos polímeros do tipo polibutileno adipato co-tereftalato (PBAT) e polibutileno succinato (PBS), os quais tiveram sua decomposição comprovada no período de 180 dias em contato com o solo.

 

Fábio H. Fajardo, diretor comercial da empresa, explicou que já atuava na comercialização de matéria-prima há cerca de 20 anos, passando a importar o poli(tereftalato de butileno) (PBT) em 2019. Seu fornecedor na ocasião aprimorou a tecnologia para a obtenção do PBAT, um poliéster alifático que se torna biodegradável por ter ligações de carbono suficientemente fracas para serem rompidas em ambiente de compostagem doméstica, caracterizada pela temperatura de 28 graus Celsius. Este material, importado pela Eco Brasil para a elaboração dos compostos, possui o selo “OK Compost Home”, da certificadora internacional TÜV Áustria.

 

Durante a pandemia, Fábio (foto ao lado) se associou a pesquisadores da UFPR, sob coordenação da professora Michele Rigon Spier, para validar os compostos de PBAT, bastante suscetíveis à hidrólise, e por isso mais facilmente biodegradáveis, ao contrário do que ocorre com os polímeros convencionais. Em quatro meses, duas amostras foram 100% degradadas por micro-organismos do solo, enquanto as outras três tiveram percentual de degradação de 30%, 60% e 50% em seis meses.

 

No caso do PBAT, a hidrólise que ocorre sob condições de umidade e temperatura ideais dá origem a monômeros que são “digeríveis” pelos microorganismos e metabolizados em biomassa, dentro de parâmetros estabelecidos por normas internacionais de biodegradação em solo, no prazo de 180 dias. Ao consumir o material, os microorganismos eliminam dióxido de carbono, água e biomassa ao final do processo que pode também receber o nome de “reciclagem orgânica”. Fábio ressalta se que na ausência de condições específicas de umidade e temperatura a degradação também ocorre, mas de forma menos acelerada.

 

Fábio pondera, no entanto, que o fato de um polímero ser biodegradável não é necessariamente algo bom, pois não é em todos os casos que se obtém matéria 100% orgânica, água e dióxido de carbono ao final do processo. Por isso há tanta controvérsia em relação aos materiais denominados “bioplásticos”. O PBAT, por exemplo, tem origem fóssil, mas é convertido em matéria orgânica em sua totalidade, como foi comprovado no estudo em parceria com a UFPR.

 

Atualmente a Eco Brasil processa seus compostos em parceria com uma formuladora de Diadema (SP), com capacidade de fornecer 100 toneladas/mês. Porém, planeja ter sua própria fábrica entre setembro e outubro de 2024, no município de Florianópolis (SC), com capacidade de 500 toneladas/mês. Benefícios fiscais e logísticos levaram à opção pelo Estado, que oferece também incentivos à atividade industrial.

 

Os materiais podem ser utilizados na produção de filmes tubulares (balão), em versões opaca (968) e transparente (161L), este aprovado pelo Instituto Falcão Bauer para o contato com alimentos. Um dos compostos desenvolvidos pela empresa se destina à laminação com papel, para a produção de embalagens multicamadas a serem usadas por redes de lanchonetes e fabricantes de embalagens de papel revestido, as quais foram objeto de um relatório técnico emitido pelo laboratório do Senai de Telêmaco Borba (PR), quanto à barreira à água e óleo, assim como repolpabilidade, que assegura a possibilidade de reprocessamento junto com o papel.

 

O intuito do estudo era entender como esses compostos se comportariam se descartados solo, sem necessariamente destiná-los à compostagem como ocorre em outros países, visto que no Brasil ainda não contamos com esse tipo de coleta seletiva e destinação. Os resultados são promissores e indicam a possibilidade de aplicação em segmentos onde a reciclagem convencional não é viável.

 

Saiba mais sobre biopolímeros na seção Bioplásticos da Plástico Industrial.

 

 

Imagens: EcoBrasil

 

 

 

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