por Flávio Silva*
“Este ano já acabou”. É assim que grande parte do mercado de termoplásticos se refere ao início de dezembro. Pior ainda para este ano específico (2023), pois o que se viu ao longo do ano foi um mercado “derrapando”, com uma demanda abaixo da esperada para todos os meses e, consequentemente, com preços que não geram (ou geraram) bons resultados para o setor de transformação e, menos ainda, para a reciclagem de plásticos.
Ao avaliar a trajetória de preços ao longo do ano, percebe-se que 2023 começou com baixas em relação a 2022. Nos meses de março e abril houve leve recuperação de algumas resinas e depois mais quedas gerais até julho, quando o mercado ensaiou uma subida que rapidamente acabou. A tendência para próximos meses é de estabilidade, salvo ocorra algo fora do esperado que mexa com o preço do petróleo.
No gráfico abaixo trazemos os preços de 2023 no mercado nacional e seu comportamento. Estes preços são monitorados pela Ohxide Consultoria e publicados mensalmente nos seus relatórios.
Fonte: Ohxide
Fica claro ao observar o gráfico que existiu uma redução geral de preços que tentaram se recuperar, mas esbarraram na demanda interna desaquecida. E para dezembro já existe uma movimentação no mercado, com expectativas e alguns anúncios de redução nos preços. Braskem, por exemplo, vem anunciando para seus clientes que para o polietileno (PE) terá redução e o polipropileno (PP) manutenção, para aqueles que colocaram pedidos até dia 08 do mês em volume equivalente a 90% do consumo de novembro. Alguns traders também já anunciaram reduções e muitas importações têm chegado a preços bem competitivos no mercado nacional, mesmo com os resquícios de problemas logísticos, a exemplo do que ocorre em Manaus que ainda não recuperou sua capacidade de transporte.
Quando ampliamos a análise para indicadores econômicos como redução do desemprego e melhora do PIB, não se vê a repercussão desses índices em melhora na demanda e no consumo de produtos plásticos. Historicamente, o aumento na renda se reverte em melhora da demanda por plásticos, pois mais consumo gera mais uso de materiais plásticos, seja via embalagens, descartáveis, bens de consumo mais duráveis, entre outros. Mas não é o que estamos vendo, e isso pode ser devido a um estoque acumulado que está sendo consumido sem gerar novas compras (ou compras limitadas à reposição de estoque) de resinas pelos transformadores. Pode se tratar também de dinheiro usado para quitar dívidas ou fazer poupança e que não está indo para o consumo.
O fato é que este último trimestre, embora venha mostrando (em outubro e novembro) uma melhora de volumes em relação ao trimestre anterior, está bem aquém do ano passado e da expectativa que se tinha no começo do ano.
A Ohxide produz relatórios mensais de preços e mercado, uma publicação que cobre sete famílias de produtos (PE, PP, PVC, PET, PS, ABS e SAN) em três regiões (SP, Sul e NE).
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*Flávio Silva é sócio-diretor da Ohxide Consultoria (Rio de Janeiro, RJ e Paulínia, SP)
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