Caroline Murray*
Faltam pouco mais de 70 dias para que todos os países da União Europeia incluam 25% de conteúdo reciclado em garrafas de bebidas feitas de poli(de tereftalato de etileno)(PET), mas o mercado tem sido descrito por especialistas como um "caos" devido aos níveis de incerteza em torno da diretiva de plásticos de uso único.
Os países membros estabeleceram, por meio da Diretiva de Plásticos de Uso Único (single use plastics, SUP), que a partir de 2025 as garrafas de PET para bebidas devem conter pelo menos 25% de plástico reciclado em sua composição, proporção que se aplica a todas as garrafas de PET para bebidas de até três litros.
Em pronunciamento recente no International Gate Summit, o editor sênior de reciclagem da consultoria ICIS (Independent Commodity Intelligence Services), Matt Tudball, constatou que "a clareza dos estados-membros da UE sobre as penalidades tem o potencial de mudar o jogo."
As metas estabelecidas pela diretiva incluem:
- 77% de coleta seletiva de garrafas até 2025, aumentando para 90% até 2029;
- 25% de conteúdo reciclado obrigatório em garrafas PET a partir de 2025;
- 30% de conteúdo reciclado obrigatório em garrafas plásticas a partir de 2030
Porém, a apenas alguns meses da meta de 2025 entrar em vigor, a cadeia do PET não está devidamente informada sobre as penalidades por não atingir essa meta.
Até o momento, nenhum estado-membro definiu claramente o que acontecerá se as marcas de bebidas não aumentarem o índice de PET reciclado (R-PET) para 25%, mas se um ou mais deles o fizerem, isso pode ser o catalisador que levará mais transformadores, produtores de pré-formas e marcas de bebidas ao mercado de R-PET, de acordo com Tudball.
Também não está claro como cada país auditará o volume de material reciclado usado em garrafas. Alguns estados-membros afirmam que calcularão o conteúdo reciclado de 25% por garrafa, alguns por fabricante e alguns como uma média de todas as garrafas de bebidas colocadas no mercado nacional a cada ano. Isso pode causar grandes dificuldades de planejamento para qualquer marca de bebidas que coloque garrafas em vários países se a regra for diferente em cada um deles.
"As penalidades precisam ser consideráveis para incentivar a ação", disse Tudball, citando o Imposto sobre Embalagens Plásticas do Reino Unido como um exemplo do que não fazer. O imposto era de 200 libras por tonelada quando entrou em vigor em 2022, mas contribuiu pouco para dissuadir alguns compradores de se afastarem dos plásticos virgens.
Devido aos custos mais altos de polímeros reciclados, tais como flakes de R-PET, muitos simplesmente pagaram o imposto e usaram PET virgem porque ainda era uma opção mais barata do que comprar R-PET.
A indústria já investiu pesadamente em reciclagem e isso se tornou um fardo para alguns.
"Os custos se tornaram um problema, e o resultado está sendo capacidade ociosa”, informou um consultor e agente de polímeros durante a conferência.
Além disso, tem havido uma falta de investimento em sistemas de coleta e triagem em toda a Europa. A burocracia europeia está frustrando a competitividade do R-PET e dificultando o acesso dos estados-membros ao montante de capital suficiente para inovar, conforme informou Antonello Ciotti, da Petcore Europe.
Para lidar com os desafios atuais e para que a circularidade tenha sucesso, é imperativo que a indústria de R-PET tenha a certeza sobre as penalidades por não conformidade a serem atribuídas aos estados-membros da UE.
*Caroline Murray é editora sênior da ICIS
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Imagem: Shutterstock
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