A expansão de redes ópticas muitas vezes requer a travessia por rios, estuários, lagos e regiões molhadas para levar conectividade a todas as localidades. Se a tecnologia dos cabos submarinos importados tem custos inviáveis para os provedores regionais, um desenvolvimento 100% nacional chega ao mercado para mudar esse cenário. Com vantagens como o menor custo e a facilidade de execução, o novo cabo subaquático foi patenteado pela Superfície Engenharia, empresa especializada em infraestrutura portuária, de Porto Alegre, RS. A Suptec Superfície Tecnologia é o braço do grupo responsável pela montagem dos cabos, com aliança comercial junto à Supribem Telecom, de Sorocaba, SP, empresa especializada em consultoria e representação de produtos de telecomunicações e conectividade.

Lançada no início do ano, a solução transforma um cabo óptico aéreo convencional em subaquático com a incorporação de várias camadas externas de proteção e vedação de aço e polímeros, assegurando a estanqueidade do produto ao longo de sua vida útil, além de peso suficiente para a ancoragem no leito de rios, lagos e até mesmo no mar. O processo de extrusão é realizado nas instalações da Suptec, utilizando cabos ópticos de fabricantes nacionais. “A Superfície Engenharia tem equipes de especialistas, máquinas e experiência com lançamentos. Podemos fazer o reforço mecânico e estrutural em qualquer cabo, de qualquer fabricante e dimensões”, diz Felipe Mazzer, CTO da Supribem.

Segundo ele, devido aos elevados custos de cabos submarinos, todos importados, é comum no mercado o uso de soluções improvisadas para a passagem dos cabos, como a amarração com cordoalhas de aço, sem garantia de vedação, ou uso de materiais muito leves, incapazes de ancorar as redes no leito do rio, dificultando a estabilização do sistema. Em operação nos rios e mares há ainda desafios como as fortes correntezas, impactos e tração dos cabos, que podem causar o rompimento das fibras ao longo do tempo.

“Observamos que havia uma demanda por esse tipo de solução e nos tornamos uma ponte forte entre as necessidades brasileiras”, afirma o executivo. Além da produção local, as empresas contam com um time especializado no lançamento aquático, com embarcações próprias registradas, balsas e rebocadores, bem como aprovação junto aos órgãos de Marinha, prefeituras e meio ambiente, publicação em documentos náuticos e respaldo jurídico.

As operadoras Br.Digital, Mhnet e ALT Telecom, com sede no Sul do país, instalaram recentemente 3 km de cabos ligando a Ilha de Florianópolis, SC, ao continente. No Paraná, o trecho submarino foi implantado entre Guaratuba e Matinhos. A BR. Digital ainda possui uma travessia de 7 km ligando Porto Alegre à cidade de Guaíba, no sul do Rio Grande do Sul. Obra similar foi executada pelos provedores Guaíba Telecom, Mhnet, Ozir Net e Tecmidiaweb. “Também estamos em diversas negociações com operadoras do Norte do país, que estão sempre buscando levar maior conectividade à população ribeirinha”, finaliza Mazzer.



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