A TelComp – Associação Brasileira das Prestadoras de Serviços de Telecomunicações Competitivas vem realizando uma série de ações com o objetivo de promover uma melhor organização das redes aéreas. “Há muitas críticas nos setores e acusações de que nada é feito para resolver o problema. Queremos mudar essa percepção com a execução de medidas concretas e um trabalho robusto, inclusive já com resultados reais”, diz Luiz Henrique Barbosa da Silva, presidente da TelComp.

Dentro desse plano, o primeiro projeto sob o comando da entidade foi batizado com o nome de Reordenamento Ágil. Adotado por sete de suas associadas com presença em São Paulo, o programa prevê um trabalho em conjunto: quando pelo menos duas operadoras (e no máximo quatro) forem acionadas pela distribuidora para regularização da rede em uma área comum, a regularização será feita de forma coordenada e pela mesma empreiteira contratada especificamente para esse fim. Somente quando o prazo for emergencial, por exemplo, com poucos dias para execução, a própria operadora realizará o ajuste, pois não há tempo para o planejamento compartilhado. Os resultados são positivos: de julho a setembro de 2021, já foram reorganizados cerca de 2800 postes na região metropolitana. “A resolução atual estabelece a meta de regularização de 2100 postes por ano. Em três meses de atuação conseguimos fazer mais do que isso”, compara o presidente da TelComp, que está apresentando a ideia às associadas do Nordeste e Sul para possível replicação nas regiões.

Uma outra frente da entidade, com a consultoria do engenheiro de telecomunicações Marcius Vitale e parceria da Fitec – Fundação para Inovações Tecnológicas, de Campinas, SP, é o desenvolvimento de um software para fiscalização do uso dos postes. “Não basta ordenar a rede. É preciso manter atualizado o banco de imagens dos postes ordenados de forma georreferenciada, onde, no caso de mudanças ou ocupação irregular, a empresa poderá atuar rapidamente e evitar que a situação se agrave”, afirma Vitale.

Baseado em imagens e inteligência artificial, o software permite cadastrar os cabos, postes, pontos de fixação e equipamentos a partir das BAPs (abraçadeiras) ou plaquetas de identificação. Os elementos são fotografados e registrados no sistema, que roda na nuvem e poderá ser acessado a qualquer momento. “Com as informações integradas, será possível visualizar o mapa dos postes em um município, fazer recortes de uma determinada área de interesse e gerar dashboard com os principais indicadores”, diz José Luiz Malavazi, diretor de negócios da Fitec, entidade que também desenvolve ferramentas semelhantes para inspeção de linhas de transmissão de energia por meio de drones.

Além da precisão muito superior em relação às inspeções manuais, a ferramenta oferece uma elevada produtividade: estima-se que uma dupla de técnicos, em carros equipados com dispositivos de captura, consiga vistoriar 1200 postes por dia, 12 vezes mais que no método convencional. “Com o sistema de captura e rápido processamento de imagens, as empresas poderão registrar as áreas pós-arrumação e depois manter a fiscalização contínua das redes”, diz Malavazi.

Por fim, uma terceira ação da TelComp voltada para o compartilhamento de redes é a realização de testes de campo com postes em situação real, sob diversas configurações e cenários. O trabalho também será executado pela Fitec, que montará o ambiente de provas no campus da PUC de Campinas, com a participação de professores e especialistas das Faculdades de Engenharia Civil, Elétrica e Mecânica. Todas as atividades levam em consideração o atendimento às normas técnicas e de segurança do trabalho, como NR-01, NR-10 e NR-35.

Com início previsto para o final de janeiro de 2022 e duração de seis meses, os ensaios serão realizados com experimentações práticas de cabos instalados em postes nos diversos cenários da infraestrutura de redes detectados em campo, que passarão por testes de esforços mecânicos e uso de ancoragem em final de ramal de emendas e reservas, derivações, caixas subterrâneas próximas ao poste e fio drop. Também está previsto o desenvolvimento de suportes e ferragens especiais, capazes de suportar, por exemplo, um aumento na quantidade de ocupantes (atualmente são permitidos seis), o tamanho da faixa destinada às operadoras de telecomunicações (hoje são 50 cm) e até mesmo o uso de postes mais altos.

Os resultados e pareceres técnicos da prova de conceito fornecerão subsídios à comissão de estudos da NBR 15.214/2005 – Rede de distribuição de energia elétrica – Compartilhamento de infraestrutura com redes de telecomunicações, atualmente em processo de revisão na ABNT. “Essa norma está muito desatualizada e poderá ser complementada num futuro próximo, com os estudos em desenvolvimento na prova de conceito em curso, os quais irão atender integralmente os preceitos técnicos fundamentados nas práticas da boa engenharia.  Os ensaios de campo realizados pela Fitec permitirão uma avaliação bastante confiável e imparcial das limitações técnicas e possibilidades”, diz Silva, da TelComp. De acordo com ele, as distribuidoras de energia renovam em média 2% a 3% de seu parque de postes a cada ano. “Se em 10 anos conseguirmos que troquem 30% de seus postes por versões mais robustas, será um grande avanço”, diz.



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