Bairros periféricos da capital paulista e municípios vizinhos da região metropolitana de São Paulo estão atraindo a atenção dos provedores de Internet, que levam o serviço de FTTH nas áreas onde as grandes operadoras não têm interesse em atuar. Para atender esses provedores, a ASAP Telecom, operadora especializada na oferta de transporte e link dedicado, investiu na instalação de um data center com capacidade de até 150 racks no bairro de Jurubatuba, na região de Interlagos.
“Decidimos nos instalar o mais próximo possível dos nossos clientes que atuam no extremo sul do município, para que possam reduzir seus custos com backbone para buscar conteúdo, pois atualmente todos os data centers comerciais em operação estão localizados mais à frente, em direção ao centro, além de Cotia e Barueri”, diz Fausto Morales, CEO e sócio da ASAP Telecom.
Além de encurtar a distância para os provedores locais, um outro benefício é a maior velocidade para chegar até os equipamentos hospedados no data center, em caso de alguma emergência que necessite intervenção física. “Com o trânsito complicado de São Paulo, um simples deslocamento pode levar horas. No nosso caso, em 20 a 30 minutos o cliente consegue se dirigir até a instalação, realizar as manobras e resolver o problema rapidamente”, diz.
Inaugurado em novembro, o data center da ASAP é também um PIX homologado pelo NIC.br. “Somos o PIX mais ao sul da zona sul de São Paulo”, afirma o executivo. Duas fibras próprias seguem até os pontos de interconexão centrais. Além disso, o NIC tem um rack dedicado com switches dentro do data center, facilitando a interligação do provedor com o IX.
O data center da ASAP está localizado no primeiro andar do Shopping SP Market. Com 420 m2, a instalação compreende também a sede administrativa da empresa, que pode ser reduzida para abrigar uma futura expansão da área de TI.
A ASAP conta com uma rede de fibra própria de 700 km que percorre as principais cidades da Grande São Paulo, desde Guarulhos até Itapecerica da Serra, passando pelo centro de São Paulo, Berrini, Paulista, zona leste, São Caetano, ABCD, Mauá, Itapecerica da Serra, Embu, Embu-Guaçu e Taboão da Serra, totalizando 11 municípios. O plano futuro é construir mais seis data centers de mesmo porte que o primeiro, aproveitando esse traçado do anel óptico. “Queremos levar um data center com PIX para o ABC, que é uma região com muitos provedores, mas por estarem do outro lado da cidade eles têm dificuldade de chegar aos conteúdos”, diz. Como o mercado corporativo também está na mira, talvez a primeira obra seja na região da Berrini ou Paulista.
Desde sua fundação, em 2015, a ASAP sempre teve como foco principal o provedor de Internet, mas com o novo data center em operação, a ideia é ampliar o atendimento para pequenas e médias empresas, como escritórios de contabilidade, advocacia e marketing, com a oferta de serviços de colocation, servidor virtual, além do link dedicado. Inclusive um dos seus primeiros clientes em Jurubatuba é uma rede de supermercados. “Os provedores de nuvem e colocation não têm a pequena empresa como foco, por ser um mercado muito pulverizado. Mas nós queremos atender essa demanda, que ainda é inexplorada”, diz o CEO.
Os seis data centers no roadmap serão construídos conforme demanda e capacidade de investimentos da ASAP, que é uma empresa nacional, de capital próprio e gerida diretamente pelos acionistas, o CEO Fausto Morales e o CTO Arlei Nalesso. “Estamos abertos a aportes externos”, diz Morales. Se essa equação for positiva, Morales acredita que seja possível a construção de uma unidade por ano, em média. Os volumes financeiros são bastante elevados. O primeiro data center demandou investimentos da ordem de R$ 5 milhões, dos quais R$ 1 milhão foi financiado pelo Bradesco e o restante com recursos próprios.
Um outro desafio em São Paulo é a falta de disponibilidade de edifícios para abrigar a instalação. Além de permitir a colocação de equipamentos como gerador e máquinas de ar condicionado, o condomínio precisa oferecer capacidade de energia – atualmente os prédios comerciais estão preparados para suprir cerca de 300 kW. Para se ter uma ideia, no data center de Jurubatuba, a cabine primária instalada é de 1,7 MW.
A capacidade de carga da laje é um outro ponto a ser observado, que deverá suportar o peso de servidores, baterias e outros equipamentos. Devido a essas dificuldades, a ASAP está estudando a opção do contêiner, estrutura que pode ser colocada em área externa, como um estacionamento ou terreno. “Estamos avaliando as opções com empresas especializadas em esforço mecânico, isolamento térmico e construção, com um projeto totalmente nosso”, diz. A ideia é acomodar 30 racks em dois contêineres, mas alimentados por um sistema comum de energia e refrigeração, reduzindo dessa forma o custo da instalação por rack. “Nas soluções modulares convencionais, a infraestrutura é dedicada para cada contêiner, o que encarece o projeto”, diz.
Da mesma forma, o data center de Jurubatuba foi totalmente desenvolvido internamente, por seu time de projeto e engenharia. Embora tenha sido inaugurado recentemente, o empreendimento já conta com quatro provedores e seis operadoras, além de empresas de diversos segmentos.
O executivo está otimista. Somente na região próxima ao data center, a ASAP mapeou cerca de 80 provedores, de todos os tamanhos, desde os pequenos, com 500 clientes, até os maiores, com 25 mil assinantes. E exatamente para facilitar ainda mais a vida deles (e trazê-los para seu data center), a ASAP está estudando levar cabos com 144 fibras, passando pelas três pontes principais da região (Itapaiúna, Laguna e João Dias), para o outro lado do rio Jurubatuba (margem esquerda, considerando o sentido do rio), uma região ainda mais carente, mas de elevada densidade populacional. “Muitos provedores são de lá. Podemos evitar esse custo de atravessar o rio”, afirma. O projeto, que depende de aprovação dos órgãos reguladores, consiste em criar caixas de abordagem no lado oposto da margem. “Além de reduzir os custos para os provedores, a iniciativa poderia reduzir os impactos e poluição visual com a vinda de tantos cabos, como ocorre hoje. Dadas as proporções da cidade de São Paulo, isso pode parecer pouco, mas toda ação começa pelo primeiro passo, seguida de muitos outros. Esse é um deles”, finaliza o CEO.
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