A Wsnet Telecom, com atuação em Itanhaém, no litoral sul de São Paulo, uniu-se com o principal concorrente na mesma cidade, a Etecc Net, para construir uma rede neutra de 700 km em Peruíbe, município vizinho. “Como todo provedor regional, tínhamos planos de crescimento, mas como isso poderia ser feito de forma rápida e eficiente, considerando os elevados investimentos? Sabíamos que a Etecc também almejava essa expansão. Era hora de deixar de lado o orgulho e propor uma parceria, pois seria um grande avanço para ambas as empresas”, conta Irene de Freitas Charif, sócia e CEO da Wsnet.

Segundo ela, os dois provedores já tinham feito alguns negócios em conjunto no passado para redução de custos, como a compra de links, sempre com bons resultados. “A Etecc é uma empresa séria e comprometida, com os mesmos propósitos que a Wsnet e equipes bem treinadas como as nossas”, diz.

O projeto da construção da rede neutra teve início em dezembro de 2021 e foi concluído em seis meses, em maio de 2022. “Alinhamos todas as regras a serem cumpridas, criamos um CNPJ para a sociedade e apertamos o botão do start. Uma empresa terceirizada foi contratada para o lançamentos do cabeamento principal da rede óptica”, conta a executiva. Ao todo, foram investidos cerca de R$ 7 milhões, incluindo material e mão de obra, divididos igualmente entre os dois provedores.

Foram criados em Peruíbe quatro POPs de distribuição de sinal, com a infraestrutura dividida para os dois, e instaladas 400 CEOs. As fibras foram lançadas em conjunto até a entrada do POP para o DGO compartilhado. As estratégias assinadas em contrato compreendem:

• A empresa “A” utiliza fibras pares e a empresa “B” as fibras ímpares.
• Nas portas de gerência da OLT, a empresa “A” utiliza as portas 0 e 1 e a empresa “B” utiliza as portas 2 e 3.
• Cada empresa tem seu próprio switch, concentrador e BGP para controle dos ativos.

Para gerenciar os clientes, são usadas VLANs específicas no NMS da OLT U2000 da Huawei. A Infinite IT Consulting, de São Bernardo do Campo, SP, foi contratada para realizar as configurações. Por exemplo, uma utiliza as VLANs de 100 a 1999 e outra as VLANs de 2000 a 4000. Por medida de segurança, as empresas têm as permissões limitadas ao gerenciador, sendo necessário acionar a consultoria para alterações de nível mais elevado.

Nas montagens de CTOs o trabalho é realizado sob demanda, no ritmo das vendas realizadas. Todos os materiais foram comprados em conjunto, do mesmo tipo, quantidade e fornecedores. “Outro ponto interessante foi a adoção das caixas na cor amarela. A Wsnet usa o azul como padrão e a empresa parceira o vermelho. Então usamos uma cor neutra para identificação”, diz.

As empresas têm suas próprias estratégias comerciais. Em dois meses de implantação foram ativados os primeiros clientes. “Fizemos projetos para atender praticamente 100% da cidade e com isso não corremos o risco de termos caixas esgotadas. As CTOs são livres, ou seja, não estabelecemos limites de portas para cada sócio”, diz.

De acordo com Irene, se a empresa tivesse optado por investir sozinha na expansão, com certeza não conseguiria ter feito os 700 km em tão pouco tempo. “O valor gasto seria o dobro exatamente. Economizamos 50% nesse modelo”, resume. Além disso, a experiência serviu para as equipes se unirem e trocarem conhecimentos.

“O negócio está sendo rentável para ambos os provedores, que hoje contam com cerca de 6000 assinantes”, diz. Também está sendo estudada a possibilidade de oferecer a rede neutra para os provedores locais. “Por mais que a disputa seja sadia, é impossível ter 100% do mercado em nosso segmento. A união de esforços traz os melhores serviços para o cliente final”, finaliza Irene.