O descarte das baterias de íons de lítio que alimentam smartphones, laptops e muitas outras tecnologias ainda é um desafio. Somente em 2020, por exemplo, o mercado brasileiro vendeu 48,7 milhões de novos smartphones, segundo o IDC Brasil. E estima-se que apenas 1% do total de baterias de celular tenha algum destino controlado no país. O restante do resíduo é descartado em lixo comum, gerando riscos à saúde pública por causa da contaminação do meio ambiente.
“O cerne da economia circular é a reutilização de matérias-primas em cadeia cíclica, reduzindo a pressão sobre o meio ambiente que resulta da extração dos recursos naturais. Para isso foi criado o Projeto LiCoBat, que tem como missão contribuir na condução do ciclo de vida das baterias de íon lítio à economia circular, com foco na recuperação de lítio, cobalto e outros materiais críticos após o descarte”, revela Eduardo Sebben (foto), diretor da Inovabio, spin-off da Biosys Ambiental. A iniciativa inédita, que visa a logística reversa e a reciclagem de baterias Li-íon, prevê a construção de uma planta piloto em escala pré-industrial para a recuperação e encaminhamento seguro dos elementos Lítio (Li) e Cobalto (Co).
O Projeto LiCoBat nasceu de uma patente registrada desenvolvida na Universidade de Roma – La Sapienza pela spin-off Eco Recycling, e a partir da cooperação tecnológica entre Brasil e Itália. Como executores do LiCoBat, o projeto conta, na Itália, com a empresa Ecosistem e, no Brasil, com o CTI – Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer e com a Biosys Gerenciamento de Resíduos. “Tão importante quanto o desenvolvimento do protótipo industrial é o mapeamento de como se dá o descarte das baterias Li-íon e seu trajeto até os locais de reciclagem. Nosso objetivo é diagnosticar as atuais limitações da logística reversa e definir as ações necessárias para otimizar a alimentação de uma futura planta industrial”, explica Sebben.
Segundo o diretor da Inovabio, o lítio e o cobalto recuperados pelo projeto LiCoBat poderão ser utilizados tanto na fabricação de novas baterias para equipamentos eletrônicos e industriais, como também para produção de vidro e cerâmica resistentes ao calor, baterias de veículos elétricos, massas lubrificantes industriais e, até mesmo, para tratamentos de distúrbios bipolares e depressão. “Atualmente a cadeia reversa das baterias íon-lítio apresenta baixa eficiência, principalmente no Brasil, onde apenas 3% das baterias descartadas são corretamente encaminhadas para a reciclagem. A meta do Projeto LiCoBat é mapear os processos da logística reversa das baterias íon-lítio empregados no Brasil e na Europa, e identificar pontos de melhoria para otimizar essa logística”, completa Sebben.
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