A OTG, empresa com sede em Sorocaba, SP, trouxe para o Brasil uma solução de resfriamento por imersão (immersion cooling) para data centers. Desenvolvida pela espanhola Submer, a tecnologia utiliza um óleo sintético chamado SmartCoolant para manter os servidores resfriados.

Pelo fato do fluido ser eficiente para capturar e transferir calor, o delta entre o fluido e a temperatura do processador é muito baixo, em torno de 5°C, o que permite aos servidores permanecerem a uma temperatura inferior à do ar, mesmo com o fluido a 50°C-60°C.

“Além de ser inodoro e incolor, o óleo pode ser utilizado por até 15 anos desde que seja tratado regularmente por filtragem a quente, processo que está incluso nos pacotes que oferecemos. A substância é capaz de aumentar a vida útil dos equipamentos em até 30% e reduzir manutenções em até 60%”, afirma André Machado, fundador da OTG.
Para utilizar a solução, servidores e demais equipamentos passam por um processo de retrofitting. A técnica envolve a aplicação de um verniz especial, para que as etiquetas de identificação não descolem enquanto os aparelhos estiverem submersos. O processo pode ser aplicado tanto em data centers novos quanto existentes.

Também não é mais necessário utilizar ventoinhas para manter a temperatura dos servidores, já que eles ficam submersos no líquido de refrigeração. Isso permite uma economia significativa de energia elétrica, uma vez que as ventoinhas são responsáveis por grande parte do consumo energético. Já no caso de HDs de disco, a OTG trabalha com uma linha apta para o procedimento fornecida pela Seagate. A prática não é aplicada em memórias SSD por já serem compatíveis de fábrica com immersion cooling.

“Ao adotar o resfriamento por imersão, é possível reduzir significativamente o espaço ocupado pelo sistema de refrigeração, chegando a uma economia de até 90% em comparação ao modelo convencional. Isso ocorre porque o resfriamento por imersão suporta densidades de até 100 kW no espaço que dois racks tradicionais ocupariam.

Além disso, como não há movimento de ar dentro da sala de dados, não é necessário utilizar o sistema de corredor quente e corredor frio. Outra vantagem é a operação silenciosa, já que não há ruídos de ventiladores ou sistemas de ar-condicionado em operação”, diz o fundador.
No momento, a solução é fornecida em quatro modelos: MicroPod, com capacidade de dissipação de calor de  até 7 kW, SmartPodX e SmartPodXL, de 50 kW cada, e SmartPodXL+, de 100 kW ou 50 kW redundantes. A companhia ainda trabalha com o MegaPod, um contêiner data center que reúne diversos SmartPods e pode chegar a até 800 kW de dissipação de calor.

“O MicroPod é um equipamento compacto que ocupa apenas 1,5 m² de área. Com 6U, ele se diferencia dos demais por ser um tanque com um chiller próprio, o que o torna eficiente na dissipação de calor. Além disso, sua instalação é flexível e pode ser feita em diferentes locais, desde telhados de edifícios a torres de telecomunicações mais distantes. Por ser plug and play, sua instalação é rápida e fácil, dispensando configurações complexas”, explica Machado.

Estudos realizados pela OTG apontam que um sistema tradicional de refrigeração de data centers pode representar um custo de até 40% do Opex de um site. Com o immersion cooling, a redução pode chegar a até 95% e o ar-condicionado é usado somente para manter o conforto dos profissionais que atuam no site. “O PUE – Power Usage Effectiveness da tecnologia é de 1,03, valor considerado baixo em comparação com a média de um site convencional, que costuma ficar entre 1,5 e 2,5”, ilustra o fundador.

Um sistema de immersion cooling pode ser aplicado em até um dia. Já o monitoramento é feito por um DCIM via API ou pelo site da Submer. No momento os pods são importados, um processo que a OTG pretende nacionalizar ainda em 2023.

“Nossa sede tem 700 m2, um espaço que reúne escritório, data center, showroom e estoque de peças para manutenções. Temos o intuito de começar a montar os equipamentos, terceirizando apenas alguns processos metalúrgicos. O objetivo é que isso aconteça neste ano”, projeta Machado.



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