A notória dificuldade dos provedores de Internet em ter acesso ao crédito tem incentivado a criatividade de agentes financeiros para criar soluções customizadas para esse mercado.
Depois de o próprio Ministério das Comunicações liderar no último mês uma operação de US$ 100 milhões junto ao BID para bancar um fundo garantidor a empréstimos de provedores – conforme divulgado na abertura do Encontro da Abrint pelo ministro Juscelino Filho –, um outro exemplo é a recente criação da Naxos Capital, um fundo de investimento criado especificamente para atender a demanda financeira dos pequenos provedores.
A especialização da Naxos se explica por sua origem, já que ela foi criada há menos de um ano por um profissional experiente do setor, Dionísio Freire (foto), que em 2003 fundou a Avvio, empresa que posteriormente se juntou ao Pátria Investimentos para dar origem à Vogel Telecom, por sua vez adquirida em 2021 pela Algar.
Segundo Freire, a ideia com o fundo foi preencher um nicho financeiro, já que agentes convencionais não conseguem valorar de maneira adequada os ativos do provedor como garantias, que no caso principalmente são as redes. “Eles não têm como retirar os cabos em caso de inadimplência”, disse.
“Com o conhecimento que eu tenho do setor, consigo valorar os ativos liberando um empréstimo maior, mais barato, com um prazo maior do que um banco ou uma financeira convencional ofertaria”, completa o executivo.
Para atender o nicho, a Naxos criou quatro produtos financeiros. O primeiro é o ISP Cash. Por essa linha, as mensalidades dos clientes dos provedores se transformam em recursos à vista, com a antecipação pela Naxos do pagamento total desejado. Na estruturação financeira, o fundo é pago pelos recebíveis das mensalidades da carteira de clientes que suportam o total antecipado.
Uma segunda linha é o ISP Giro, que envolve operações de capital de giro. A estruturação é por meio da análise do fluxo financeiro do provedor e se baseia em garantias complementares e acessórios com recebíveis, contratos e outros itens financiáveis.
Há também o produto ISP Crescimento, uma linha de crédito simplificado para compra de materiais, equipamentos e serviços de telecom, podendo financiar até a totalidade do projeto de rede no modelo turnkey. Nessa modalidade, as condições envolvem carência de até seis meses e até 54 meses para amortização.
Por fim, o quarto produto é o ISP Aquisição, uma linha de crédito para financiar a aquisição de provedores. Pelo modelo financeiro, a Naxos paga a compra à vista e passa a receber do comprador a prazo.
Já com uma carteira de 300 clientes pelo Brasil, segundo Freire, não há especificamente um valor teto para os desembolsos. Os aportes também não são apenas para redes de fibra óptica, mas para quaisquer tecnologias e acessórios utilizados nos sistemas de telecom, incluindo até painéis solares fotovoltaicos. “Há operações de todos os tipos”, diz. Recentemente, aliás, o fundo captou R$ 85 milhões para os financiamentos.
SVA
Além dos produtos financeiros, a Naxos também criou uma área de benefícios e seguros.
Há o seguro prestamista, que garante receita de mensalidades ao provedor em caso de inadimplência do cliente por desemprego (R$ 300), invalidez ou morte (R$ 1000).
Outro seguro, batizado de O.N.U., cobre os equipamentos dos provedores em comodato nos clientes, em caso de roubo, furtos e danos, de até R$ 500 de indenização por equipamento.
Além disso, foram criados produtos de benefícios para fidelizar os clientes do provedor: seguro residencial (eletricista, vidraceiro, encanador e chaveiro); e telemedicina (atendimento médico remoto). Ambos com valores bem baixos, segundo Freire.
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