Os impactos da crise da Covid-19 sobre o desempenho econômico-financeiro de grandes empresas não financeiras no Brasil é o tema de um estudo realizado pelo Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) junto a 240 empresas. De acordo com o levantamento, embora haja diferenças setoriais importantes, a pandemia não apenas comprometeu o nível de atividade das empresas, como derrubou sua rentabilidade e prejudicou a recuperação que vinha se anunciando.
Ao todo, foram compilados os balanços patrimoniais e as demonstrações de resultados de grandes empresas, agrupadas em três setores: indústria, serviços e comércio. Empresas com capacidade de distorcer os resultados por seu tamanho, como Petrobras e Vale, ou pelos grandes prejuízos incorridos, como Braskem e Suzano, foram excluídas, gerando subgrupos. O mesmo ocorreu com as empresas de energia elétrica.
DE acordo com os dados da primeira metade de 2020, as consequências da pandemia sobre as empresas foram graves. A crise interrompeu uma tendência de recuperação da rentabilidade e de redução das dívidas que vinha ocorrendo de forma sustentada desde 2016.
Para o total da amostra, a margem líquida de lucro saiu de 6,3% no primeiro semestre de 2019 para -5,1% em igual período de 2020. A margem operacional foi reduzida em mais da metade. Já o endividamento líquido saltou de 58,7% para 73,5% do capital próprio. A exclusão de Petrobras, Vale, Braskem e Suzano em nada alterou tamanha deterioração.
Os dados da indústria
Na indústria, a recuperação da lucratividade, que já vinha mais restrita em 2017-2019, foi severamente comprometida: saiu de 3,7% no primeiro semestre de 2019 para -2,2% no mesmo período de 2020, excluídas as quatro grande empresas citadas acima. Seu endividamento líquido saiu de 59,7% para 75,2% do capital próprio.
A piora em 2020 concentrou-se sobretudo no primeiro trimestre do ano. No segundo trimestre, houve alguma reação em função da adoção de programas emergenciais pelo governo e da retomada, mesmo que parcial, das atividades devido ao estabelecimento de protocolos de segurança sanitária e, no final deste período, da flexibilização progressiva do isolamento social.
As margens líquidas de lucro, por exemplo, saíram do negativo no primeiro trimestre de 2020 e voltaram ao azul no segundo trimestre, embora tenham se mantido muito baixas. No caso da indústria, saiu de -6,2% para +1,8%. No caso da amostra total, de -13,1% para +3,4%.
Este movimento de melhora, contudo, se deu de modo heterogêneo. As empresas de insumos básicos, geralmente intensivos em escala, e de bens de capital, cujos mercados exigem expectativas favoráveis e condições adequadas de financiamento, apresentaram menor recuperação. Seus lucros continuaram comprometidos com a redução da atividade econômica devido à pandemia.
De modo geral, a recomposição do lucro líquido das empresas permanecerá sendo um desafio. Mesmo em um ambiente de taxas de juros menores, como o atual, a ampliação do endividamento e a desvalorização cambial acarretaram aumento do custo financeiro. Vale lembrar que o câmbio mais desvalorizado também eleva o custo de produção daquelas atividades com maior dependência de insumos importados, a exemplo do que ocorre com a indústria de plásticos.
No total da amostragem, as despesas financeiras saltaram de 5% para 13,1% das receitas operacionais entre o primeiro semestre de 2019 e o mesmo período de 2020. No caso da indústria, com exceção de Petrobras, Vale, Braskem e Suzano, saíram de 2,6% para 7,7% no mesmo período. Houve melhora no 2º trimestre de 2020, mas o patamar elevado se manteve: 7,6% para o total e 4,1% para a indústria.
O endividamento de curto prazo para o universo de 240 empresas avançou +45% da primeira metade de 2019 para igual período de 2020, isto é, acima do aumento de +39% da dívida total. No caso da indústria, estes aumentos foram de +37% e de +46%, respectivamente.
O estudo completo pode ser acessado aqui.
Gráfico: Iedi
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