Por Natal Pasqualetti Neto*
Eu comecei a lecionar em 1977 e, como professor, toda vez que vou fazer uma apresentação eu faço uma programação do conteúdo, e eu também forneço um material para que os participantes o mantenham com eles e possam posteriormente pesquisar e relembrar os assuntos discutidos.
Para os meus treinamentos, entre os materiais sobre a prensa mecânica, eu desenhei uma figura simplificada que mostra os componentes da prensa, e com isso é possível visualizar a sua localização. Esta figura foi baseada em uma prensa de grande porte por possuir um maior número de componentes.
Eu já postei a figura várias vezes pois é muito importante para os profissionais da área de estamparia, mas desta vez estou postando com a descrição dos componentes.
Descrição dos componentes
Mesa – parte da estrutura onde é apoiada a mesa móvel com a parte inferior da ferramenta, a qual suporta a força de prensagem aplicada pelo martelo;
Coluna – parte da estrutura apoiada na mesa que é responsável por suportar o cabeçote e também guiar o martelo;
Cabeçote – parte da estrutura onde fica localizado todo o acionamento da prensa, engrenagens e mecanismo que movimenta o martelo;
Martelo – recebe a parte superior da ferramenta e é responsável pelo fechamento dela com a aplicação da força de prensagem;
Tirante – faz a união da mesa, colunas e cabeçote de forma a suportar toda a força de prensagem, sem que haja a separação entre as partes da estrutura. Para isso, o tirante é montado com protensão;
Motor elétrico principal – gira o volante, fornecendo energia ao mesmo;
Correia – sistema de transmissão utilizado entre o motor e o volante;
Volante – ao girar, armazena a energia necessária para o trabalho de prensagem;
Freio do volante – faz a parada e travamento do volante ao ser desligada a prensa, a fim de eliminar a energia residual do volante. Atualmente, é comum o drive do motor principal fazer a parada do volante. Neste caso, o freio do volante tem a função de travamento e a função de freio só acontece quando cai a energia elétrica;
Sistema de embreagem e freio – quando o operador aciona a prensa, a embreagem engata o volante no eixo de acionamento resultando no movimento do martelo. Ao ser acionada a parada da prensa, o freio engata e prende o eixo de acionamento na estrutura da prensa. Sempre que a embreagem engata, o freio desengata e vice-versa;
Eixo de acionamento – responsável pelo acionamento do mecanismo da prensa;
Engrenagens – faz a redução de velocidade da prensa e a transmissão de movimento;
Eixo excêntrico – transforma o movimento de giro em um movimento linear de subir e descer. Existem vários tipos de mecanismo de acionamento, este é o mais simples;
Biela – elo de conexão do eixo excêntrico com o martelo;
Encoder e cilindro de comando – aparelhos movimentados diretamente pelas engrenagens e sincronizados com o ciclo da prensa. Um ciclo da prensa representa uma volta completa dos aparelhos, ou seja, 360 °. Nas máquinas atuais o encoder comanda todas as funções repetitivas durante o ciclo da máquina e o cilindro de comando é uma redundância do comando do freio exigida pelas normas de segurança de prensas. Nas máquinas antigas é utilizado apenas cilindro de comando;
Compensador de peso do martelo – sistema de cilindros pneumáticos que sustentam todo o peso do martelo, peso da parte superior da ferramenta e peso da placa intermediária, se houver. Esse sistema deve ser regulado toda vez que é feita a troca de ferramentas;
Sobrecarga do martelo – devido à curva de força do excêntrico tender para o infinito quando o martelo se aproxima do Ponto Morto Inferior (PMI), as prensas mecânicas têm um colchão de óleo entre a biela e o martelo. Se a força de prensagem passar da capacidade da prensa, uma válvula se abre e alivia a pressão do óleo evitando danos à máquina/ferramenta;
Regulagem do martelo – devido às ferramentas serem de tamanhos diferentes, toda vez que vai ser instalada uma ferramenta deve ser feita a regulagem de altura do martelo. Essa regulagem é a mais crítica de uma prensa mecânica e um erro pode trazer grandes danos à máquina/ferramenta. A regulagem do martelo depende da prática do preparador;
Extrator no martelo – dependendo da ferramenta pode acontecer que após a estampagem a peça fique presa em sua parte superior. Neste caso é necessário dispor-se de um sistema para sacar a peça da parte superior da ferramenta;
Garra de fixação – a garra de fixação prende a parte superior da ferramenta nos rasgos “T” do martelo. Existem sistemas manuais, semiautomáticos e totalmente automáticos, sendo que os semiautomáticos e automáticos necessitam que a ferramenta esteja projetada para seu uso;
Painel pneumático – recebe o ar comprimido do prédio e então faz o tratamento e a distribuição dele para os diversos sistemas pneumáticos da prensa;
Painel de comando – painel de operação, onde estão localizados todos os comandos para a operação da máquina;
Mesa móvel – permite a troca rápida da ferramenta reduzindo o tempo morto. Para se obter completa eficiência, é importante ter duas mesas móveis; enquanto uma está produzindo, na outra está sendo instalada a próxima ferramenta;
Sistema de levantamento da mesa móvel – a mesa móvel tem rodas e quando ela está sobre a mesa, o sistema de levantamento abaixa a mesa móvel de forma que sua estrutura fique totalmente apoiada na mesa;
Caixa de pressão – caixa onde são apoiados os pinos que fazem a atuação do anel prensa-chapa da ferramenta;
Dispositivo de repuxo – é uma almofada pneumática ou hidráulica que cria uma resistência ao movimento de descida do martelo, gerando a força prensa-chapa. A força e o curso do dispositivo de repuxo devem ser regulados a cada troca de ferramenta.
Nota: a força e energia do dispositivo de repuxo vêm do martelo, ou seja, a prensa tem que ter força e energia para a conformação da peça e para o dispositivo de repuxo prender a chapa.
*Natal Pasqualetti Neto é engenheiro mecânico pós-graduado em Automação Industrial pelo Centro Universitário FEI (São Bernardo do Campo, SP). Sócio Proprietário da NATAL Treinamento e Consultoria – www.natal.eng.br
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