Natal Pasqualetti Neto*
Um dos sistemas de alimentação automática presentes em prensas é o de alimentação por bobina de chapa. Este sistema de alimentação é muito utilizado em ferramentas progressivas, onde a cada golpe da prensa a fita de chapa é empurrada através da ferramenta na distância do passo.
O passo é a distância de uma estação a outra em uma ferramenta progressiva.
O alimentador por bobina é composto por diversos aparelhos, sendo os básicos a desbobinadeira, o endireitador e o alimentador. Porém, existe uma série de outros aparelhos que podem ser usados conforme a necessidade como, por exemplo, tesoura de corte, lubrificador etc.
O alimentador empurra a fita de chapa através da ferramenta progressiva na distância do passo;
O endireitador, antes do alimentador, endireita a chapa de metal para que fique plana e seja introduzida e empurrada através da ferramenta progressiva sem qualquer interferência.
A questão é: quando se faz necessário o aparelho endireitador?
Observem no diagrama a seguir que quando a chapa é deformada com uma tensão baixa, dentro do comportamento elástico, ela volta ao estado original ao cessar a tensão. Por outro lado, se a tensão atingir e ultrapassar a tensão de escoamento, a chapa terá deformações permanentes e ficará deformada ao cessar a tensão.
Quando enrolamos a chapa de metal em forma de bobina, isso irá criar tensões. Caso essas tensões atinjam e ultrapassem a tensão de escoamento, ocorrem deformações permanentes e a chapa de metal permanece com anomalias.
Vamos analisar o que acontece quando temos a chapa enrolada.
As tensões dependem da espessura da chapa de metal e do diâmetro da bobina, sendo o mais crítico o diâmetro interno. Ou seja, quanto maior a espessura e quanto menor for o diâmetro, maior serão as tensões.
De forma geral, uma chapa fina de metal não necessita de aparelho endireitador e uma chapa grossa, necessita. No entanto, é importante analisar caso a caso para garantir que a chapa irá passar livremente através da ferramenta.
Nota de segurança
As tensões que se encontram no comportamento elástico irão forçar a chapa a voltar ao seu estado original, gerando um efeito mola. Isso é muito perigoso e deve ser tomado todo o cuidado, e devem ser seguidos os procedimentos de segurança ao desamarrar a bobina.
Regulagem do aparelho endireitador
É muito importante seguir as instruções de regulagem fornecidas pelo fabricante do endireitador. Conforme o caso, como a tensão aumenta com a diminuição do diâmetro da bobina, na metade da bobina pode ser necessário um reajuste do endireitador.
Após a regulagem é importante anotar os valores de pressão utilizados nos cilindros para a bobina de chapa. Dessa forma, na próxima vez que for utilizada a mesma bobina, teremos uma redução no tempo de setup.
Anotar as dimensões da chapa e bobina: espessura, largura, diâmetro externo, diâmetro interno e as pressões de cada cilindro no início da bobina e no meio dela, e se houve necessidade de reajuste durante o processo.
Nota: se no fornecimento da bobina for alterado o diâmetro da mesma, isso poderá alterar os valores de regulagem do endireitador.
*Natal Pasqualetti Neto é engenheiro mecânico pós-graduado em Automação Industrial pelo Centro Universitário FEI (São Bernardo do Campo, SP). Sócio Proprietário da NATAL Treinamento e Consultoria – www.natal.eng.br
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