Luiz Carlos Fonte Nova de Assumpção
A nova onda verde dos investimentos das organizações, como vem sendo chamada, está diretamente ligada a três letras que têm movimentado o mundo dos negócios: ESG, sigla que está ligada aos termos em inglês “Environmental”, “Social” e “Governance”, que, em português traduz-se, respectivamente, por “Ambiental”, “Social” e “Governança”.
Isso se reflete no esforço das empresas em adaptar suas práticas a fim de torná-las sustentáveis a longo prazo, diminuindo os danos ambientais e à população mundial.
Uma das principais ações que vêm sendo alvo das empresas de diferentes setores é a transição energética para reduzir ao máximo a dependência de fontes fósseis de energia e, consequentemente, a emissão de gases de efeito estufa.
No que diz respeito à indústria petroquímica, o desafio não se resume somente à neutralização das emissões de gases de efeito estufa (GEE), mas também à reciclagem do plástico pós-consumo.
No Brasil, não podemos falar em petroquímica sem falar da Braskem, que é hoje a maior petroquímica das Américas e a sexta maior do mundo, com uma capacidade de produção anual em torno de 8 milhões de toneladas de resinas termoplásticas – (polietileno, polipropileno e poli(cloreto de vinila) – e mais de 10 milhões de toneladas de químicos básicos (eteno, propeno, butadieno, benzeno e outros).
Em seus relatórios anuais a empresa aponta as ações de comprometimento com os princípios de desenvolvimento sustentável em suas operações. A figura abaixo apresenta uma cronologia dessas ações:
Fonte: Adaptação do Relatório Integrado 2021 – Braskem. 1) Organização das Nações Unidas; 2) Ministério Público Federal, Departamento de Justiça dos Estados Unidos e Security Exchange Comission (EUA).
Grandes players globais do segmento petroquímico têm investido em ações que fomentam a economia circular e a sustentabilidade dos processos. São elas: capacitação de cooperativas de catadores; logística reversa de embalagens; reuso e a reciclagem das embalagens plásticas; e redesign das embalagens.
No que diz respeito ao redesign das embalagens plásticas, muito tem-se investido em produtos que facilitem a reciclagem, materiais com conteúdo reciclado e embalagens retornáveis.
Além de depender de inovação, o setor petroquímico também possui desafios quanto à obtenção de matéria-prima e quanto a uma cadeia mais bem estruturada. Sendo assim, é imprescindível o desenvolvimento de parcerias com empresas do setor, bem como com universidades e startups.
Outro aspecto relevante é que os plásticos são geralmente relacionados a impactos negativos ao meio ambiente, principalmente os descartáveis, também conhecidos como “one way”. No entanto é bom lembrar que o problema não está nos resíduos plásticos em si, mas sim na gestão inadequada (ou, em alguns casos, na falta de gestão) que o ser humano dá a eles.
Nesse sentido, é importante que as empresas petroquímicas desenvolvam mecanismos para aumentar a rastreabilidade das suas ações, permitindo que todos os stakeholders (principalmente a sociedade em geral) avaliem se os esforços ESG realmente estão sendo implementados e não estão relacionados a propaganda enganosa ou greenwashing.
Luiz Carlos Fonte Nova de Assumpção é consultor parceiro da Ohxide Consultoria (Rio de Janeiro, RJ e Paulínia, SP)
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