Natal Pasqualetti Neto*
A estampagem de metais se caracteriza pelos processos de corte, dobra e repuxo. Quanto aos metais utilizados, eles são diversos, mas a maioria dos produtos estampados são feitos de aço.
No diagrama abaixo podemos observar as diversas fases do aço em um ensaio de tração.
Corte
No processo de corte o punção aplica uma força na chapa, a qual está apoiada na matriz.
Esta força depende:
Da área de material a ser cortado – o perímetro de corte vezes a espessura da chapa;
Da resistência do material ao corte – 0,8 vezes o limite de resistência do material.
O processo de corte é o mais simples, porém devemos ficar atentos ao corte puro. Nesta situação a prensa aplica sua força para a realização do corte e sua estrutura está toda alongada. Ao ocorrer o corte, imediatamente desaparece a força, e na acomodação brusca da estrutura há uma grande vibração que causa grandes danos à máquina e aos seus componentes.
No caso de uso de corte puro, é recomendado utilizar no máximo 60% da capacidade nominal da prensa mecânica a fim de evitar danos à máquina. Também é recomendado, quando possível, que a ferramenta tenha ângulo para suavizar o processo.
O processo de corte requer baixa energia (curso pequeno) e, portanto, a prensa mecânica é a mais indicada para essa operação.
Dobra
No processo de dobra a chapa será dobrada.
No caso da dobra, o material da chapa tem de atingir a fase plástica, deformando de maneira permanente, mas sem que ocorra ruptura.
Vamos analisar as tensões geradas na dobra.
Ao dobrar uma chapa, a linha de centro é neutra, mas a parte externa é tracionada e a parte interna é comprimida.
O projetista da ferramenta de dobramento precisa atentar para o raio mínimo de dobra, conforme a espessura da chapa, a fim de que não ocorra a ruptura da chapa.
É necessário salientar que as tensões próximas da linha neutra estão na fase elástica e forçam a chapa a voltar ao seu formato original, gerando um efeito mola, chamado de molejamento. Desta forma, no projeto da ferramenta, o projetista deve considerar um ângulo mais fechado de dobra para que, quando a chapa se acomodar, a abertura resultante seja a desejada.
Para a dobra de chapa podem ser utilizadas prensas mecânicas ou prensas hidráulicas.
Repuxo
O processo de repuxo consiste em mudar o formato do metal, estirando o mesmo. A velocidade do repuxo é limitada pela velocidade de escoamento do metal.
O processo de repuxo demanda grande força e energia da prensa a ser utilizada.
Dependendo do quanto será repuxada a peça, o processo pode requerer várias etapas até a obtenção da forma final.
Além da força para repuxar a peça, o sistema também requer uma força prensa-chapa. A força prensa-chapa controla a alimentação de material durante o repuxo e é responsável direta pela qualidade final da peça.
O processo de repuxo é sensível, pois atua na fase plástica do metal sempre próximo da tensão limite de resistência.
Nos processos de repuxos rasos podem ser utilizadas prensas mecânicas (desde que tenham energia suficiente) ou prensas hidráulicas.
Nos processos de repuxos profundos são utilizadas prensas hidráulicas.
O aço a ser processado em operações de repuxo não deve ser guardado em estoque, pois a oxidação superficial da chapa faz com que sejam perdidas as condições de uso para o repuxo.
*Natal Pasqualetti Neto é engenheiro mecânico pós-graduado em Automação Industrial pelo Centro Universitário FEI (São Bernardo do Campo, SP). Sócio Proprietário da NATAL Treinamento e Consultoria – www.natal.eng.br.
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