O Rio de Janeiro ganhou duas novas usinas de biogás, comissionadas em outubro, consolidando sua posição como o segundo maior estado produtor do energético, atrás apenas de São Paulo. As plantas CGB São Pedro e CGB Três Rios 2 estão localizadas nos municípios de São Pedro da Aldeia, na Região dos Lagos, e Três Rios, no sul fluminense, sendo a última uma expansão da usina CGB Três Rios 1, em operação desde maio. Somadas, as três usinas chegam a uma potência instalada de 3,5 MW e uma estimativa de produção anual de 27,6 GWh, suficiente para abastecer aproximadamente 11.500 residências. O investimento nos três projetos, realizados pelo Grupo Gera, foi de R$ 15 milhões.

Localizadas em aterros sanitários, as usinas de biogás funcionam no modelo de geração distribuída remota, no qual a energia elétrica é gerada em local diferente do local de consumo. No quesito crédito de carbono, a operação de 1 MW instalado de usinas de biogás gera aproximadamente 33 mil créditos de carbono anuais. “A população que reside nos arredores da usina se beneficiará ainda economicamente com a criação de empregos diretos e indiretos, aumento da confiabilidade da rede elétrica e um destino seguro para os resíduos produzidos”, destacou o engenheiro do Grupo Gera Matheus Thomé responsável pela implantação do projeto de Três Rios.

Atualmente, a Gera Energia, braço de desenvolvimento de projetos de geração de energia, possui seis usinas de biogás em operação no país, somando 6,4 MW, e mais cinco em desenvolvimento, que vão chegar a 12,6 MW, totalizando 19 MW.  A meta da empresa é chegar no final de 2021 com mais de 20 MW de capacidade instalada de biogás.

Segundo Marcos Paulo Botelho, engenheiro do grupo Gera, o novo marco do saneamento básico trouxe uma visão ainda mais positiva para o biogás, pois a tendência de desenvolvimento dos aterros sanitários existentes e de criação de novas alternativas de geração de biogás beneficiará muito a fonte. “Entretanto, estamos acompanhando de perto as alterações da regulamentação e as propostas que podem impactar o setor de geração distribuída, pois isso é um fator de risco e traz insegurança no planejamento”, ponderou.

De acordo com os dados da Abiogás - Associação Brasileira do Biogás, o novo marco legal do saneamento poderá elevar a produção potencial de biometano em 2,9 milhões de m³/dia. O volume corresponde a 10% da meta da associação para 2030, que é de 30 milhões de m³/dia. “As usinas de biogás são projetos extremamente verdes, pois, além de transformar o biogás em energia elétrica, reduzem o potencial poluente dos aterros sanitários. Na mesma linha de comparação com as outras fontes, a implantação do projeto se dá de 8 a 12 meses e seu fator de capacidade extremamente alto, variando de 85% a 95%, sem sazonalidade anual”, explicou Thomé.

Dados do Panorama dos Resíduos Sólidos da Abrelpe - Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais mostram que em 2019 foram produzidos cerca de 79 milhões de toneladas de resíduos, cujo volume tem potencial de gerar 14.500 GWh/ano por processos de tratamento térmico.

Com uma população de 17 milhões de pessoas, o Rio de Janeiro produz 8,8 mil toneladas de resíduos por dia, dos quais apenas 68,4% têm uma destinação final adequada, em aterros sanitários. Cerca de 30% do lixo urbano no estado ainda é encaminhado para lixões e aterros controlados.

Um estudo realizado em parceria entre a ABiogás e a Abrelpe constatou que cerca de 50% do total de resíduos sólidos urbanos gerados no país corresponde à fração orgânica, o que representa um enorme potencial para o aproveitamento energético por meio do biogás.

Contudo, pouco mais da metade desse material é destinada para aterros sanitários, onde poderia haver o aproveitamento energético. “Quase 80% do biogás produzido hoje no país é oriundo de resíduos de aterros sanitários e estações de tratamento de esgoto, comprovando o alto potencial energético das usinas implantadas nestes locais”, explica o presidente da Abiogás, Alessandro Gardemann.



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