O monitoramento do esgoto pode ajudar na estimativa do número de pessoas infectadas com o novo coronavírus (Covid-19) em áreas urbanas específicas e no decorrer do tempo. Por isso, a ANA - Agência Nacional de Águas, o IGAM - Instituto Mineiro de Gestão das Águas e o INCT ETEs Sustentáveis, sediado e coordenado pela UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais, lançaram no dia 23 de abril o projeto piloto Monitoramento Covid Esgotos.
A iniciativa nasce a partir da assinatura de Termo de Execução Descentralizada (TED) entre ANA e UFMG para mapear a ocorrência do novo coronavírus no esgoto em diferentes pontos das sub-bacias sanitárias de Belo Horizonte e Contagem, MG. Com isso, a pesquisa, que deve durar dez meses, pretende entender como o esgoto pode trazer informações sobre a proliferação da Covid-19.
“Saber como está a ocorrência de coronavírus por regiões pode permitir a adoção de medidas de relaxamento consciente do isolamento social e ainda possibilitar avisos precoces dos riscos de aumento de incidência da Covid-19 de forma regionalizada, embasando a tomada de decisões dos gestores públicos”, afirmou o professor Carlos Chernicaro, coordenador do INCT.
O professor destaca que não há evidências da transmissão do vírus ainda com potencial de causar a infecção da Covid-19 através das fezes. Porém, como já foi identificada a presença do vírus nas fezes de indivíduos infectados, o mapeamento dos esgotos pode indicar áreas de maior incidência da transmissão, por exemplo.
A detecção e quantificação do vírus subsidiarão a elaboração de mapas dinâmicos georreferenciados para acompanhamento da evolução espacial e temporal da ocorrência do novo coronavírus. O trabalho também prevê a coleta de amostras de esgoto das regiões investigadas durante a pandemia da Covid-19.
A parceria possibilitará a criação de um sistema de avisos, que poderá antecipar medidas sanitárias e auxiliar no diagnóstico regionalizado em populações ainda sem sintomas manifestos da infecção, já que há indícios de que as pessoas excretam o vírus até mesmo antes de apresentarem sintomas.
“Nas águas e nos esgotos podemos ter informações valiosas para salvar vidas, auxiliando os órgãos de saúde a alocarem seus esforços para combate à pandemia e ainda para entender a dinâmica da movimentação do vírus nos municípios. Um diferencial da pesquisa que estamos apoiando é a regionalização dos dados e a perenização de seus resultados, mesmo após a entrega das conclusões, com a criação de avisos, que podem ser úteis para possíveis novas ondas de infecção e para o planejamento de medidas de retorno das atividades de forma embasada”, afirmou Christianne Dias, diretora-presidente da ANA.
A intenção é que os resultados da pesquisa possam chegar a outros estados do país. A validação da metodologia possibilitará replicá-la em outras regiões e ser um instrumento de combate à pandemia.
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