A UCSGRAPHENE, unidade de negócios da Universidade de Caxias do Sul, e a empresa Zextec preparam-se para lançar três novos produtos no mercado em 2022. Voltados para a filtragem e limpeza de água misturada com óleos ou solventes, os materiais foram desenvolvidos a partir de um projeto de pesquisa sobre espumas hidrofóbicas desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Engenharias de Processos e Tecnologias da UCS.
A ideia é que estejam no mercado, já no próximo ano, um filtro industrial para múltiplas aplicações; um equipamento de combate a desastres ambientais, para limpeza de derramamentos de óleo; e um skimmer (equipamento para limpeza de piscinas) capaz de filtrar óleos e protetores solares.
De acordo com Hugo Sousa, diretor da Zextec, a tecnologia adsorvente (o contrário de absorvente) super hidrofóbica com grafeno ou derivados, patenteada pela UCS, já vem sendo produzida em escala industrial e tem atraído o interesse de investidores. “Este projeto conjunto entre a universidade e a iniciativa privada mostra que a ciência brasileira de alta qualidade pode ser transformada em nota fiscal”, comemora Sousa. “Com sua base de pesquisa e contando com a maior planta de produção de grafeno da América Latina, a UCS vê agora seus primeiros produtos próprios com grafeno saindo do papel, tornando o projeto uma realidade no Brasil”, complementa.
O prof. Dr. Diego Piazza, coordenador da UCSGRAPHENE, destaca que a inserção de produtos com grafeno no mercado demonstra a importância da conexão entre a UCS e a iniciativa privada, tendo como ganhos diretos o desenvolvimento econômico e a valorização da pesquisa desenvolvida pela universidade. “A UCSGRAPHENE tem atuado de forma a transformar, acelerar e escalar a pesquisa em produtos e aplicações comerciais. A cocriação de valor, a conexão ao ecossistema de inovação, a soma das expertises e a integração dos players envolvidos são alguns dos benefícios que entregamos à sociedade, materializados na forma de soluções e produtos que evidenciam viabilidade técnica e econômica do uso do grafeno e/ou derivados nas mais diversas áreas de aplicação”, avalia.
O projeto de espumas hidrofóbicas foi desenvolvido por alunos do Programa de Pós-Graduação em Engenharias de Processos e Tecnologias, com apoio do CNPq (PGEPROTEC), sendo o desenvolvimento do produto realizado pela mestranda Bruna Rossi Fenner, com orientação do professor Dr. Ademir José Zattera. O estudo constatou que a adição de grafeno e/ou derivados aumentou a seletividade e a sorção (absorção e adsorção ocorrendo simultaneamente) de óleos em soluções aquosas e permitiu o reúso da espuma por mais de 100 vezes.
“As espumas podem ser utilizadas em várias situações de água contaminada com resíduos à base de óleos e produtos orgânicos, como derramamento de petróleo no mar, contaminação de águas por combustíveis e até tratamento de piscinas para remoção de resíduos de loções ou protetores solares”, diz Zattera. O pesquisador acrescenta que a tecnologia pode ser adaptada para a sorção de produtos específicos, gerando novas oportunidades de negócio e diminuindo o impacto ambiental de atividades industriais que geram resíduos orgânicos líquidos.
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