A geração de odores nas ETEs - estações de tratamento de efluentes é um dos principais desafios para as empresas de saneamento, que precisam lidar com frequentes reclamações de vizinhos e pressões de órgãos ambientais. O monitoramento contínuo da qualidade do ar pode ajudá-las a enfrentar o problema de forma proativa e eficaz. A Acoem, multinacional francesa especializada em produtos e serviços para meio ambiente, com subsidiária em São Paulo, está apresentando ao mercado o Kunak Air Pro, uma solução baseada em microssensores inteligentes e plataforma com conectividade em nuvem capaz de monitorar as emissões em tempo real, de rápida implantação e fácil de usar. “As informações obtidas são de alto valor para a tomada de decisões, com excelente precisão e a um custo inferior aos métodos de referência”, diz o engenheiro de vendas Marcel Parolin.

O equipamento de campo pode ser montado em torre ou pilastra próxima dos pontos monitorados, com alimentação via rede elétrica ou de forma autônoma (placa fotovoltaica). São medidos hoje até 9 gases (CO, CO2, NO, O3, SO2, H2S, NH3, COVs), cada um com seu cartucho específico (até cinco cartuchos simultâneos), que podem ser substituídos e combinados de forma plug and play. É possível ainda acoplar sensores externos adicionais, como sensor para monitoramento de partículas através do seu contador óptico integrado, chuva, temperatura e ruído. Com grau de proteção IP65, o aparelho vem calibrado de fábrica. O sistema roda em plataforma web e os dados ficam armazenados na nuvem, com atualização em tempo real e acesso remoto de qualquer local. “O cliente realiza estudos e análises com muita informação e praticidade”, diz.

No caso das estações de esgoto, os aparelhos geralmente são instalados em locais como entrada de água bruta e área de tratamento de lodo. O principal parâmetro analisado pelo Kunak é o H2S – sulfeto de hidrogênio, gás com odor característico de ovo podre. Ao criar a rede de sensores, o sistema fornece alarmes, alertas e estatísticas, com detecção precoce de odores se houver aumento da concentração.

Um estudo piloto foi realizado para a Saneago, na ETE Dr. Helio Seixo de Brito, em Goiânia, GO. Foram definidos quatro pontos na estação (caixa elevatória, caixa de areia, decantadores e prédio de lodo) para o monitoramento de H₂S, VOCs – compostos orgânicos voláteis, velocidade e direção do vento. Os testes mostraram que a caixa de areia e o prédio de lodo, locais onde ocorre o processo de retirada de material sólido do esgoto, apresentaram as maiores concentrações do sulfeto. “Os resultados oferecem uma riqueza de dados, em precisão e quantidade, que podem ser usados para a elaboração de planos de contingência mais efetivos”, afirma o engenheiro.

O sistema foi apresentado pela primeira vez na Fitabes – Feira Internacional de Tecnologias Ambientais, realizada de 17 a 20 de outubro em Curitiba, PR. “A receptividade foi excelente. Tivemos diversas consultas das empresas de saneamento, que querem conhecer melhor o produto”, diz Parolin.

A Acoem já forneceu o Kunak para duas empresas de fertilizantes no Brasil, tipo de indústria que gera fortes odores devido à manipulação de amônia dos adubos nitrogenados. Além disso, o H2S é altamente inflamável, podendo colocar em risco a operação da planta. No exterior, a plataforma é usada para diversas aplicações, como monitoramento da qualidade do ar urbano na Etiópia e na Espanha, além de indústrias siderúrgicas, de papel e celulose, portos, aeroportos e competições esportivas, para controle de emissões e vazamentos. “Embora seja muito nova, a tecnologia já foi testada e está em processo de aprovação por agências de controle ambiental de qualidade do ar na Europa e Estados Unidos”, finaliza o executivo.



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