Em 2019, a Corsan, companhia de saneamento do Rio Grande do Sul, iniciou um projeto piloto de ETA 4.0 no município de Tramandaí para automatizar as análises e o controle de parâmetros de potabilidade. “Os testes foram validados e agora vamos começar o segundo ciclo, com a entrega de mais cinco estações com a tecnologia 4.0”, diz Jean Bordin, diretor Comercial, de Inovação e Relacionamento da Corsan. As cidades escolhidas são Canela, Lageado, Venâncio Aires, Charqueadas e Camacuã, com vazões que variam entre 200 e 400 L/s. “A ideia é expandir o conceito aos poucos até chegarmos à universalização da tecnologia 4.0 na companhia”, afirma. A Corsan atende 317 municípios, onde opera 170 ETAs e cerca de 900 poços tubulares.

Com capacidade de 180 L/s, a ETA Tramandaí tem 40 anos de existência. Até a adoção do projeto, era totalmente dependente de intervenções manuais, sem nenhum nível de instrumentação. As equipes realizavam mais de 800 análises por dia e ajustavam as dosagens de produtos químicos para controlar 39 parâmetros.

Todo esse esforço foi transformado: as atividades de rotina perderam espaço para sistemas analíticos automatizados, que digitalizam a informação necessária ao controle da qualidade da água, avaliam os resultados com base em inteligência artificial e machine learning e realizam as dosagens de produtos químicos a serem aplicados. Os sistemas foram desenvolvidos pela Augen Engenharia, em cooperação com equipes técnicas da Corsan.

Segundo o diretor, a implantação do conceito 4.0 em Tramandaí trouxe diversos benefícios econômicos, comprovados nos dois anos de testes: reduziu os custos da água produzida em 29%; o consumo de flúor em 37%; do gás cloro em 29%; e do sulfato de alumínio em 25%. As despesas com pessoal caíram cerca de 30%. Agora é necessário apenas um funcionário treinado para executar a tarefa de supervisionar o tratamento. Os dados e relatórios ficam disponíveis em um painel de controle em tempo real, acessíveis via supervisório, ou até mesmo por dispositivo móvel, uma vez que o sistema roda na nuvem da Amazon.

Desenvolvida pela Augen Engenharia, especializada em projetos de transformação digital no setor de saneamento, a ETA 4.0 reúne, em um único módulo compacto e plug and play, sistemas que analisam os parâmetros da qualidade da água, interpretam os dados e realizam a dosagem dos produtos químicos de forma automática. A instalação é rápida e simples, exigindo adequações mínimas na infraestrutura da estação. “Basta fazer as conexões e o sistema está pronto para operar”, diz Fabrício Butierres, CEO da Augen.

Também para ter maior adesão e efetividade no dia a dia, os engenheiros da Augen tiveram o cuidado de inserir, na inteligência artificial do sistema, algoritmos baseados na larga experiência dos técnicos e operadores. “Respeitamos o processo de transformação digital nas companhias de saneamento, que tem décadas de conhecimento, e a maneira como tratavam a água antes. Transformamos essa experiência em modelos matemáticos” diz o CEO.

A ETA 4.0 compreende quatro módulos de análise e dosagem: alcalinização, coagulação, fluoretação e cloração, além do módulo supervisório. Os sensores ficam dentro dos módulos. Alguns instrumentos analíticos são desenvolvidos pela própria Augen, como os colorímetros online para medição de cloro livre, flúor e turbidez. Cada módulo é autônomo e funciona de forma independente, mesmo sem o supervisório, uma vez que tem processamento próprio interno.

Uma outra solução da Augen é o Poço 4.0, para análise da água subterrânea. “Muitos poços são totalmente manuais, demandando coletas diárias de amostras para análise em laboratório e correção de dosagem”, diz Butierres. Um dos cases foi implantado em Alegrete, a 540 km de Porto Alegre.

Para aplicação em poços, a Augen desenvolveu um lote de 22 protótipos funcionais de analisadores/dosadores multiparâmetros. Com a nova solução, estima-se uma redução nos custos de quatro vezes para os produtos químicos e 14 vezes para as despesas de deslocamento e de carga de trabalho.



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