A LG Sonic, empresa com sede na Holanda especializada em soluções sustentáveis para combater a floração de algas e melhorar a qualidade da água, com mais de 100 clientes em 55 países, está apostando no mercado brasileiro. Abriu escritório comercial em Florianópolis, SC, e montou um time técnico em Campinas, SP, para instalação e manutenção dos sistemas. “Há muito a se fazer com a entrada do novo marco do saneamento”, diz Marineuza Marques (foto), diretora da LG Sonic Brasil.

MPC-Buoy, desenvolvido pela LG Sonic, baseia-se no uso de ultrassom para controlar as florações de algas em tempo real, sem necessidade de produtos químicos. As ondas são emitidas a partir de uma boia flutuante movida a energia solar. A solução combina ainda o monitoramento contínuo da água e uso de algoritmo de aprendizagem para ajustar as frequências de ondas como resposta a mutações e alterações ambientais. Conforme os dados são coletados, ela impede novas florações em até 10 dias antes de ocorrerem.

“Os engenheiros da empresa estudam há mais de 10 anos o comportamento das algas, no mundo todo, o que gerou uma enorme base de dados, referentes, por exemplo, aos diferentes tipos e condições de corpos d’água, espécies de algas e estações do ano. Essas informações possibilitam ajustar programas ultrassônicos diferentes para cada tipo de floração, tornando o controle mais eficaz. O banco de dados é continuamente atualizado, otimizando os algoritmos de previsão e beneficiando todos os clientes”, afirma.

O software de monitoramento MPC-View fornece um quadro completo e em tempo real sobre o corpo d’água, com tendências de crescimento das algas e progresso do tratamento. “O cliente pode criar alertas que serão acionados e enviados por e-mail quando parâmetros predeterminados forem violados”, afirma. As informações da boia são transmitidas à central de operação via 4G ou satélite.

O sistema da LG Sonic atua da seguinte forma: as ondas ultrassônicas criam uma camada de som na parte superior da água, impactando a flutuabilidade das células de algas, que afundam para camadas mais profundas, onde não conseguem mais acessar a luz solar e naturalmente morrem sem liberar toxinas. “O ultrassom de baixa potência utilizado em nossos dispositivos atinge somente as algas, melhorando a qualidade da água de forma sustentável. Não causa lise celular, é seguro para peixes, plantas, pessoas, animais de estimação e zooplâncton e não perturba o equilíbrio natural dos ecossistemas aquáticos”, diz a diretora.

Segundo ela, o método elimina de 70% a 90% das algas existentes e impede o crescimento de novas. O sistema garante uma solução de custo/benefício para operadores de tratamento de água, reduzindo problemas operacionais nas estações. Pode ser instalado em reservatórios de água potável, lagos recreativos, lagoas de águas residuais e tanques de irrigação.

As algas e as toxinas representam um grande desafio para estações de tratamento de água, podendo entupir os filtros de areia. Adicionalmente, algumas espécies produzem geosmina e 2-metilisoborneol (MIB), dando à água um sabor e odor desagradáveis. Como não podem ser removidos através da filtração tradicional, esses compostos causam preocupações sobre a qualidade e segurança da água. “Florações de algas podem ser uma ameaça em diversas fases do processo de tratamento, dependendo do tipo e local de seu crescimento. Portanto, é crucial lidar com o problema em sua fonte”, diz Marineusa. O aparecimento de algas pode elevar os custos de bombeamento e reduzir o fluxo de água em até 10%, ou até mais, em caso de algas filamentosas.

Entre os clientes da LG Sonic no Brasil está a Cedae, do Rio de Janeiro, que instalou oito boias MPC-Buoy no Rio Guandu, que atende 10 milhões de pessoas e 85% da demanda total de água urbana. O diretor de Saneamento e Grande Operação da Cedae, Daniel Okomura, enfatizou o monitoramento da qualidade da água em tempo real, que permite a modificação de frequências ultrassônicas nos corpos d’água e melhor eficiência e manutenção de suas operações. O principal problema é a elevada concentração da geosmina. “O MPC-Buoy é capaz de tratar algas de forma eficaz devido ao seu design orientado a dados. As boias conversam entre si por meio da IoT - Internet das Coisas. Possuem sensores de clorofila, temperatura e oxigênio, que avaliam a qualidade da água. Elas geram relatórios e os enviam para nossos telefones. Isso nos permite monitorar as características quase em tempo real”, diz.

De acordo com ele, as novas tecnologias ajudaram a economizar mais de 29 milhões de euros em tratamentos químicos desde 2020. A maior parte da economia financeira – cerca de 90% – é alcançada pela redução do uso do carvão ativado. O uso de cloro foi reduzido em 27% e sulfato de alumínio em 5%. “As novas e futuras medidas reduziram e reduzirão ainda mais os custos operacionais, garantindo verões sem o problema da geosmina”, diz.

No setor industrial, outro cliente é a Vale, multinacional brasileira produtora de minério de ferro, granulados e níquel. A tecnologia da LG Sonic diminuirá florações de algas nos reservatórios da mineradora. No Peru, uma das maiores minas de ouro da América Latina instalou a tecnologia ultrassônica para controlar algas em uma das estações de tratamento de água de excesso. Esse reservatório de água de mineração com revestimento em geomembranas garante o abastecimento para 5000 famílias. Florações de algas nocivas no reservatório entupiram os sistemas de filtragem, restringindo o fluxo de água para o reservatório. Isso forçou o fechamento do reservatório para que os filtros sejam manualmente limpos e para restaurar as operações da estação. Esse processo envolvia custos altos devido à pausa nos processos e trabalhos manuais necessários. Ocasionalmente, a presença de algas azuis-verdes causa odores desagradáveis e a aparição de uma espuma branca na superfície da água. Após menos de dois meses de uso da tecnologia ultrassônica da LG Sonic, resultados mostraram níveis constantes e saudáveis de algas, apesar de um aumento na temperatura da água. Adicionalmente, a saturação de oxigênio dissolvido aumentou em 5%, e os níveis de pH se estabilizaram.

Segundo Marineuza, a empresa está trazendo uma outra boia que será instalada no interior de São Paulo. As perspectivas são muito positivas para a LG Sonic, que participou pela primeira vez da Fenasan, em São Paulo. “Estamos muito animados e felizes de trazer uma solução sustentável para o mercado brasileiro”, diz.



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