Desde a sua criação, em 2005, a CAJ - Companhia Águas de Joinville vem realizando uma série de ações para reduzir as perdas de água na maior cidade de Santa Catarina, com mais de 604 mil habitantes. Como resultado, o índice de perdas, que era da ordem de 62,71% em 2006, baixou para 41,8% em 2021, mas a meta é chegar a 25% antes de 2033, índice e data limites estipulados pelo novo marco do saneamento. Nesse sentido, a CAJ realizou uma Prova de Conceito (POC) para testar a solução SmartAcqua e comprovou a eficiência do software para identificar os locais (bairros e ruas) que apresentavam maiores perdas de água. Foram feitos 231 apontamentos, 141 fiscalizações, e identificados e consertados 93 pontos de vazamentos, dos quais 17 visíveis, 15 em redes, 17 em ramais, além de 21 ligações clandestinas e três poços.

“Foi uma POC rápida, mas que apresentou resultados muito significativos, o que nos deu a perspectiva de incluir uma solução de tecnologia na licitação do contrato de performance que foi vencido pela empresa prestadora de serviço ALLSAN, e que utilizará o software para detecção de irregularidades e anomalias no consumo de água, assim como a CAJ o utilizará pelo tempo de contrato para executar a gestão dos resultados alcançados”, explica Clarissa Campos de Sá, gerente do Centro de Inteligência e Operações da CAJ.

De acordo com Enéas Ripoli (foto), CTO da SmartAcqua Solutions, a importância dos contratos de performance é dar às empresas de saneamento, que não dispõem de tecnologia, equipes ou de recursos, a oportunidade de recuperar as perdas de água. “O prestador de serviços fornece a engenharia, equipamentos, software, serviços e arca com todos os custos. Pode ser um prestador sozinho ou em consórcio com outras empresas para fazer esse trabalho e atender à questão das perdas de água nas empresas de saneamento”, explica Ripoli. E o ressarcimento desse investimento se dá com o crescimento da receita das empresas de saneamento e/ou com a redução de custos operacionais em tempo determinado na licitação. O executivo destaca que os contratos de performance tiveram início em 1999 com a Sabesp, e a partir de então outras empresas do setor passaram a adotá-los. “Já existe jurisprudência para esses contratos e inclusive o Ministério das Cidades capacita as empresas a utilizá-los e a ABES lançou um manual em 2021 para orientar os interessados. É uma forma de buscar resultados com operações ganha-ganha e combater as perdas de água de forma sistemática”, completa Ripoli.

Hélio Samora, CEO da SmartAcqua Solutions, exemplifica que em uma determinada cidade, caso real, há potencial de a concessionária obter um crescimento de faturamento de R$ 55 milhões em cinco anos e reduzir R$ 43 milhões de custos operacionais. Para isso o prestador de serviços terceirizado terá que investir R$ 25 milhões. “Com o contrato de performance, a concessionária terá um ganho de R$ 10 milhões diretamente do crescimento de receita e a custo zero ganhará R$ 35 milhões entre receitas e investimentos da iniciativa privada. Mas o ganho mais significativo são os 13 milhões de m³ de água por ano, que antes eram perdidos, e que podem abastecer 220 mil pessoas que até então não tinham acesso à água tratada. São dados reais de um projeto que realizamos para outra cidade, que por razões contratuais não podemos identificar”, explica Samora.

Na CAJ, o contrato de performance para o projeto de perdas aparentes com a utilização da solução SmartAcqua está rodando desde junho de 2022. Os serviços incluem a troca de 15 mil hidrômetros, adequação de 4800 cavaletes, substituição de hidrômetros de grande capacidade, censo cadastral e uso de IA - Inteligência Artificial para detecção de fraudes, utilizada na fase de implantação de escopo mínimo e nos cinco anos restantes do contrato. “Pretendemos ter um incremento de 76 mil m³/mês de água tratada. Para atingir essa meta nos baseamos no nosso histórico e fizemos uma modelagem. Mas ainda não temos os resultados. Vamos iniciar as medições a partir de maio de 2023 e então conseguiremos analisar os ganhos e a mudança na metodologia”, explica Clarissa.

Segundo o CEO, o SmartAcqua possui capacidade de trabalhar com um volume enorme de dados de medição, de macromedição, modelagem hidráulica, e com qualquer outra fonte de dados, e tirar informações mostrando vazamentos e submedições. Ajuda a planejar a troca de ramais e de redes, fazendo um cruzamento entre demanda e perdas, e a calcular o balanço hídrico da cidade, do bairro e da rua. “Então, matematicamente, o software aponta onde pode ter uma submedição ou vazamento e tem a capacidade de lidar com grande volume de dados que nenhuma planilha, nenhum ser humano tem a capacidade de fazer”, conclui Samora.



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