O descarte inapropriado de agrotóxicos e medicamentos tem se tornado nas últimas décadas uma das maiores fontes de poluição ambiental. Como os processos convencionais de tratamento de água e efluentes são ineficientes na degradação desses compostos, eles representam um risco potencial ao meio ambiente e à saúde pública.
Diferentes grupos de pesquisa têm encontrado na nanotecnologia de semicondutores processos eficientes e sustentáveis para a remediação ambiental desses denominados “contaminantes emergentes”. Os semicondutores nanoestruturados podem ser ativados pela luz para desencadear uma série de processos físico-químicos que resultam na produção de espécies reativas capazes de oxidar os poluentes.
Essa abordagem foi explorada por cientistas ligados ao CDMF - Centro de Desenvolvimento de Materiais Funcionais em um estudo recentemente publicado no Journal of Environmental Chemical Engineering. No trabalho, o grupo analisou as propriedades fotocatalíticas do dióxido de titânio (TiO2) modificado com boro ou nitrogênio obtido por diferentes métodos de síntese: precursores poliméricos, hidrotérmico assistido por micro-ondas e sonoquímico. O objetivo era obter radicais hidroxila eficientes para a oxidação de poluentes orgânicos.
Ao final do estudo, o grupo observou que os nanomateriais modificados com boro e que usaram o método de síntese hidrotérmico micro-ondas mostraram alta eficiência para a produção dos radicais hidroxila sob luz ultravioleta (UV) ou visível.
“Discutimos em detalhes a influência dos diferentes processos desse estudo na degradação do fármaco fluoxetina, que é classificado como um contaminante emergente e tem sido encontrado em águas superficiais em diferentes regiões do mundo”, conta Ailton Moreira, primeiro autor do artigo e integrante do CDMF, um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) da Fapesp sediado na UFSCar - Universidade Federal de São Carlos. Além da UFScar, a pesquisa contou ainda com a participação de grupos da USP - Universidade de São Paulo, da Unifal - Universidade Federal de Alfenas e da UFLA - Universidade Federal de Lavras.
Foto: Cetesb.
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