Os hidrantes de rua desempenham um papel crucial na proteção contra incêndios, ao possibilitar que os bombeiros conectem as mangueiras à rede de abastecimento para obter água em alta pressão, facilitando o trabalho de combate às chamas. Apesar de sua importância, esses equipamentos são alvo de atos de vandalismo, com destaque para o furto das tampas que fecham as saídas da água e de bujões onde são acopladas as mangueiras.
Em Porto Alegre, RS, dos aproximadamente 1600 hidrantes existentes, cerca de 20% têm tampas, bujões, colunas e até registros furtados ou depredados. O DMAE - Departamento Municipal de Água e Esgotos de Porto Alegre, órgão responsável pela conservação dos equipamentos, vistoria semestralmente todos os hidrantes de coluna da cidade. Em 2022, foram realizados 219 eventos de conserto ou substituição das unidades. Apesar de o DMAE destinar em torno de R$ 50 mil anuais com a aquisição de peças para reposição, os hidrantes são depredados a qualquer momento e não há garantia de disponibilidade para os bombeiros.
Sem as tampas, o hidrante de coluna não pode ser utilizado em caso de incêndio, pois, depois de aberto o registro no solo, a água não iria apenas para a mangueira usada no combate ao fogo, mas vazaria pelas outras saídas. Os bujões, por serem de latão, têm valor comercial maior que as tampas e são aparafusadas no corpo do hidrante. O furto do bujão, muitas vezes, não ocorre devido à dificuldade de desaparafusar a peça, mas danifica a rosca e inviabiliza o encaixe da mangueira. Quando da necessidade de utilização dos hidrantes, a falta de conexões atrasa a ação dos bombeiros. Ainda, a carência desses elementos acaba estimulando a deposição de materiais diversos dentro dos hidrantes, como areia, pedras e pedaços de madeira, obstruindo a passagem da água. Nessas situações, a operação só é viabilizada mediante a limpeza da coluna.
Diante desse cenário, o DMAE estudou materiais alternativos para a reposição das conexões metálicas, geralmente produzidas em latão, bronze ou ferro. O poliacetal copolímero (POM-C) foi testado com sucesso nos protótipos. Trata-se de um termoplástico reciclável, com estabilidade dimensional e resistência química. Assim, além de não possuir valor comercial, há a garantia de resistência a intempéries, de robustez suficiente para suportar as solicitações de serviço e de ser inerte, evitando a contaminação da água.
Os testes foram realizados junto com o Corpo de Bombeiros Militar de Porto Alegre, que participou sugerindo melhorias e validando a proposta final das conexões. Como forma de acelerar os testes, as peças de poliacetal foram colocadas nos hidrantes dos quartéis de bombeiros do Pelotão Açorianos e Pelotão Floresta para abastecimento das viaturas de combate a incêndio.
Os materiais desenvolvidos formam um conjunto de conexões para hidrante, sendo uma flange cega DN 60, uma flange cega DN 100, um bujão DN 60 e um tampão DN 60. Optou-se por preservar a cor natural das peças para que, de longe, sejam identificadas como plásticas, a fim de inibir a tentativa de furto.
Após a aprovação pelo Corpo de Bombeiros Militar de Porto Alegre, teve início o projeto piloto para a implantação numa região da cidade com alto índice de furtos de equipamentos urbanos.
Foram realizadas licitações pelo DMAE em 2023 que resultaram na aquisição de 166 hidrantes de coluna com conexões de POM-C, fornecidos pela Factum Equipamentos para Saneamento, e 1224 conexões para hidrantes em poliacetal, pela Ricardo S. T. Junior Eireli. Nesse ano, o órgão realizou 258 eventos de conserto ou substituição de hidrantes com conexões do POM-C.
O custo dos hidrantes completos com as conexões em poliacetal apresentou uma redução de 24% quando comparados com as de metal.
Segundo o DMAE, as conexões dos hidrantes em POM-C inibem a depredação por não terem valor comercial, diminuindo a necessidade de reposição, melhorando a gestão de serviços e diminuindo os custos de operação e manutenção.
O Corpo de Bombeiros Militar de Porto Alegre informou que, até o momento, não houve nenhuma intercorrência registrada sobre a funcionalidade dos novos tipos de conexão, que tiveram sua instalação iniciada em junho de 2023. “As peças não apresentaram desgaste ou avaria nesse período”, declarou a Corporação.
Os hidrantes urbanos são facilmente identificáveis e estão localizados em pontos estratégicos. Isso permite um acesso rápido e fácil à água para os bombeiros, reduzindo o tempo de resposta e aumentando as chances de controlar o incêndio com eficiência. Mesmo em áreas onde não há fontes naturais de água, como lagos ou rios, os hidrantes urbanos permitem que os bombeiros tenham acesso a uma fonte de água próxima ao local do incêndio. Os hidrantes estendem o alcance do combate a incêndios, fornecendo uma fonte de água confiável, mesmo em áreas remotas.
Os hidrantes urbanos são regularmente testados e mantidos pelas autoridades responsáveis. Isso garante que estejam em pleno funcionamento e prontos para uso em caso de emergência. A manutenção adequada dos hidrantes é crucial para garantir sua eficácia.
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