Desde 2021, os investimentos em infraestrutura no país vêm crescendo ano a ano. Essa melhora é resultado direto da participação de empresas privadas, conforme aponta a análise da Tendências Consultoria sobre as perspectivas de investimentos no setor, feita com base em dados prévios do BNDES e da ABDIB - Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base. Em 2023, 78% dos investimentos em projetos de transporte e logística, saneamento básico, energia elétrica e telecomunicações partiram de empresas privadas, enquanto apenas 22% vieram do setor público.

Segundo Walter de Vitto, sócio da Tendências Consultoria, o país investe entre 15% e 16% do PIB em projetos de infraestrutura, valor abaixo do considerado ideal pelo FMI - Fundo Monetário Internacional para um país emergente, que seria entre 20% e 21% do PIB nacional. “Podemos dizer que esse cenário, proporcionado pela iniciativa privada, está diretamente atrelado às melhorias do ambiente macroeconômico e à continuidade dos avanços na esfera regulatória, como a aprovação de importantes marcos setoriais, como os de saneamento, gás e ferrovias”.

Com o novo PAC - Plano de Aceleração do Crescimento e a retomada de investimentos do governo federal (PEC da Transição e novo Arcabouço Fiscal), a perspectiva é de crescimento para os investimentos em infraestrutura, com suporte de juros em queda, mercado de capitais ativo e perspectiva de crescimento moderado do PIB.

“Com um ritmo moderado de crescimento e os juros reais recuando de uma média de 8,3% em 2023 para 4,5% em 2028, a expectativa é aumento dos incentivos para investimentos e consumo”, antecipa De Vitto.

O anúncio do Novo PAC, realizado em agosto do ano passado, reforçou a expectativa da coexistência entre investimentos públicos e privados. De acordo com a análise da Tendências Consultoria, 58% dos investimentos previstos no plano virão da área privada, 22% do setor público e 20% de investimento estatal.

A intenção é que haja a contratação de R$ 1,7 trilhão em investimentos, dos quais R$ 1,4 trilhão seriam executados até 2026. Parte dos investimentos privados previstos no Novo PAC advém de concessões já definidas em leilões que ocorreram nos governos anteriores. Para os setores de ferrovias e aeroportos, por exemplo, quase a totalidade dos investimentos privados previstos referem-se a concessões existentes”, explica Matheus Ferreira, economista e consultor da Tendências.

Em termos regionais, dados da Tendências apontam que o Sudeste e o Nordeste terão maior concentração de investimentos através do Novo PAC. Pernambuco deve receber mais de R$ 130 bilhões em investimentos, sobretudo nos setores de petróleo e gás e transmissão de energia. Já no Sudeste, o estado do Rio de Janeiro deve receber mais de R$ 340 bilhões em investimentos, principalmente no setor de petróleo e gás. São Paulo e Minas Gerais receberão investimentos para os setores de energia, habitação, saneamento e mobilidade urbana.



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