O grafeno, um dos materiais mais pesquisados do mundo por suas propriedades físicas, tais como alta resistência mecânica, leveza, maleabilidade e alta condutividade térmica e elétrica, acaba de ganhar a primeira norma brasileira, elaborada por comitê específico da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Seu objetivo é caracterizar os diferentes produtos que compõem a classe de materiais à base de nanocarbono que recebem o nome grafeno, contribuindo assim, para o desenvolvimento de novas tecnologias com grande impacto em diversos setores da indústria de manufatura, o que abrange o ramo de usinagem. Entre os muitos produtos que podem ser obtidos com ele estão revestimentos funcionais para peças metálicas que asseguram excelente resistência à corrosão, assim como a formulação de lubrificantes.
“Um dos principais desafios do grafeno está na sua aplicação. Por ser um nanomaterial, ainda há dificuldade em transformá-lo em aditivos e produtos de fácil aplicação na indústria. E parte deste desafio existe pela falta de normas e padrões abrangendo desde a sua nomenclatura até práticas de manipulação e manuseio. A indústria e a academia, por intermédio da ABNT, têm buscado normatizar toda a cadeia deste material com urgência, para apoiar o seu consumo e desenvolvimento de novos ingredientes e produtos”, explicou Alexandre de Toledo Corrêa, diretor executivo da Gerdau Graphene, uma das empresas envolvidas no desenvolvimento da norma, e coordenador da Comissão de Estudo Especial de Nanotecnologia (ABNT/CEE-089), responsável pela elaboração da norma.
Da academia para a indústria
O grafeno é um nanomaterial composto de carbono, que pode ser utilizado na criação de uma nova classe de materiais, com potencial de revolucionar o uso não só com novos materiais, mas com uma nova visão para produtos já consagrados como lubrificantes, tintas, cimento e concreto, embalagens e artefatos plásticos. Valdirene Sullas Teixeira Peressinotto, do setor de P&D da Gerdau Graphene e integrante da comissão, explicou que a publicação da norma é o primeiro passo para que comece a ocorrer a migração de concentração do conhecimento da academia para a indústria. “O tamanho do mercado global de grafeno foi avaliado em US$ 620 milhões em 2020 e está projetado para atingir US$ 1.479 milhões até 2025. As projeções refletem o amadurecimento tecnológico apoiado pelas primeiras normas e pelo aumento da demanda por grafeno, globalmente em várias aplicações industriais”, comentou.
A norma brasileira é idêntica à publicação internacional elaborada com a colaboração de mais de 30 países, incluindo o Brasil, dentro do ISO/TC 229 - Nanotechnologies. A norma ABNT ISO/TS 21356-1, uma especificação técnica, trata da caracterização estrutural do grafeno na forma particulada e dispersões. Ela apresenta definições e protocolos para determinação de número de camadas, dimensões laterais dos flocos, alinhamento entre camadas, nível de desordem e área específica do pó contendo grafeno. A ISO/TS 21356-1 foi traduzida para o português pelo grupo de trabalho GT4 - Materiais Bidimensionais, da Comissão de Estudo Especial de Nanotecnologia (ABNT/CEE-089), coordenada pelo Professor Luiz Gustavo Cançado, do Departamento de Física da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
A norma ABNT ISO/TS 21356-1:2023 pode ser adquirida no serviço ABNT Catálogo.
Imagem: Shutterstock
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