Facilidade de utilização, digitalização, sustentabilidade e inteligência artificial (IA) são as palavras-chave da robótica para os próximos anos, de acordo com Marina Bill (foto), presidente da Federação Internacional de Robótica, que concedeu uma entrevista ao departamento de relações exteriores da Ucimu, a associação italiana de fabricantes de máquinas-ferramentas, robôs, sistemas de automação e produtos auxiliares, por ocasião da feira BI-MU, que aconteceu em outubro.
De acordo com a executiva, a indústria mundial de robótica vive uma fase positiva. Com base nos nossos dados, em 2022, foram instalados mais de meio milhão de novos robôs, o que corresponde a um aumento de 5% em relação a 2021. A Ásia ficou com a maior parte, absorvendo 73% do consumo, seguida pela Europa, com 15% e pelas Américas, com 10%.
“Só a China é responsável por 52% da demanda mundial. Portanto, fica claro onde a automação está mais forte, mas desempenhos interessantes são registrados em outros países, incluindo os Estados Unidos e a Itália. Em 2022, os Estados Unidos viram o número de novas instalações crescer 10% face ao ano anterior, impulsionados por investimentos do setor automotivo”, declarou.
Na Europa, foram instalados 71 mil novos robôs em 2022. A Alemanha adquiriu 36% das novas instalações, apresentando no entanto uma ligeira diminuição diante do ano anterior. Por sua vez, a Itália absorveu 16% do total, registrando um aumento de 8% no consumo em relação a 2021.
O ano de 2023 também deverá ter um sinal positivo, de acordo com Marina: “esperamos um aumento de 7% na procura por robôs, correspondendo a cerca de 590 mil novas unidades. A tendência deve continuar em 2024, quando esperamos que as vendas cheguem a 600 mil unidades”.
Inquirida sobre quais são as principais tendências de inovação em robótica, a entrevistada mencionou a facilidade de utilização, a digitalização e a sustentabilidade. A primeira tendência diz respeito à acessibilidade e facilidade de utilização dos robôs por todos os operadores, mesmo os menos experientes.
A segunda tendência, a da digitalização, reflete o fato de os robôs fazerem agora parte de um ecossistema digital conectado, que inclui computação em nuvem, big data, 5G e IA, com benefícios em termos de custos, velocidade e variedade de aplicações. Já a sustentabilidade implica o fato de os robôs contribuírem consideravelmente para aumentar a competitividade das empresas e, em particular, para otimizar os custos de materiais e energia.
Sobre a implantação de soluções de IA e robótica na indústria de manufatura, Marina comentou que a inteligência artificial é um elemento essencial no ecossistema digital conectado e que a dificuldade de encontrar e ter disponível pessoal qualificado, bem como a possibilidade de situações imprevisíveis, como a pandemia em 2020, tornam estas tecnologias cada vez mais indispensáveis. “A robótica e a inteligência artificial andam cada vez mais de mãos dadas, pois podem representar uma resposta interessante à necessidade de devolver uma parte da produção aos países tradicionais, bem como ao desenvolvimento da atividade empresarial das pequenas e médias empresas”, comentou.
Para facilitar este “salto para a inovação”, o IFR acaba de lançar o projeto Go4Robotics, uma plataforma digital para novos utilizadores com pouco conhecimento ou pouca experiência, que oferece suporte, orientações e ajuda na compreensão e aproveitamento das mais recentes soluções nessas áreas.
O IFR vai organizar a sua assembleia durante o RobotHeart, uma área de exposição patrocinada pela Associação Italiana de Robótica e Automação (SIRI), durante a próxima edição da feira BI-MU, que acontece em outubro de 2024, em Milão. “Escolhemos Itália pelo seu papel cada vez mais decisivo no mercado da robótica industrial, pela sua aposta contínua em questões como a educação, a formação e a investigação, a sua oferta de alto nível em termos de soluções inovadoras e a presença de inúmeras start-ups na área”, resumiu Marina.
Imagem: Ucimu
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