Por Alessandra Zambaldi*
Tudo é reaproveitado na natureza. Desde o início até o fim da vida, nenhum elemento – animal e/ou vegetal – é desperdiçado na cadeia alimentar. Todos os integrantes do meio são metabolizados de forma dependente para que tudo seja reutilizado, sendo assim, um ciclo.
Esse também é o processo da economia circular, de modo que recursos e produtos sejam reutilizados continuamente, retornando ao início da cadeia produtiva. Suas etapas, desde a extração da matéria-prima, transformação em produtos, distribuição, consumo e descarte, são desenvolvidas de forma sustentável observando as limitações do planeta, já que, a longo prazo, continuar aderindo ao processo industrial linear desenfreado não será viável.
Isso porque, como já sabemos, a extração ilimitada dos recursos causa desequilíbrio ambiental, e eles estarão perto do fim daqui a algumas décadas. Além disso, o excesso de resíduos descartados diretamente no planeta faz com que potencialize a poluição do ar, terra e água, afetando tanto a saúde pública quanto o meio ambiente.
Por isso, a importância da economia circular que envolve desde a reutilização de materiais – ainda no processo de produção na indústria – até a reciclagem, após o consumo final.
Sistema integrado
A economia circular inclui não só a própria indústria, mas também é necessária a participação de redes de cooperação criando sistemas sustentáveis. Hoje, o sistema é presente em diversas indústrias brasileiras, incluindo a de plástico filme.
Um dos exemplos é a parceria com cooperativas. Uma delas é a Cooper Viva Bem, que recicla e reaproveita itens que iriam para o lixo, com o foco no descarte sustentável. Assim, empresas adquirem materiais plásticos reciclados vindos da cooperativa e os implementam na linha de produção. Vale destacar que os materiais reutilizados não são implementados na linha alimentícia da indústria de plástico filme.
A partir da parceria, é possível ajudar o meio ambiente em dois momentos: deixa-se de adquirir insumos “novos”, mitigando a aquisição de novas matérias-primas e danos aos recursos naturais. Bem como, é despejado menos lixo no meio ambiente, trabalho feito por meio da reutilização dos materiais.
Descarte ecológico
A solução para conquistarmos maior equilíbrio entre indústria e meio ambiente abrange também a redução do consumo exagerado, evitando assim o alto volume de lixo despejado na natureza e, claro, a reciclagem dos materiais.
Com os diversos usos do material plástico, é fácil associá-lo ao montante de resíduos despejados no planeta. Mas, dados comprovam que esta não é bem a realidade. Segundo o gabinete de Estatísticas da União Europeia (Eurotast), as embalagens plásticas representaram 19% do total de resíduos de embalagens descartadas na região. O valor representa a mesma porcentagem comparada com o descarte do vidro e muito abaixo dos 41%, referente aos materiais de papel e papelão.
O Brasil ainda tem muito que avançar no que tange à sustentabilidade. É o que revelou a World Wildlife Fund (WWF), em 2020: o país está em quarto lugar no ranking de produtores de resíduos plásticos no planeta.
Nesse sentido, vale destacar também que o próprio plástico filme PVC pode, e deve, ser reciclado em pontos de coleta seletiva e retornar ao dia a dia. Desta forma, o material volta à rotina em forma de solas de sapato, tapetes, pisos, mangueiras, manoplas e vários outros produtos.
Eliminar não é a alternativa
A economia circular é todo o processo de produção e descarte sustentável. Sendo assim, é a melhor solução para a indústria mitigar os impactos gerados no meio ambiente. Incluindo, sobretudo, a indústria de filme plástico, material responsável por evitar o desperdício de alimentos.
Tal controle e diminuição do descarte desnecessário de alimentos é sustentável no momento em que incentiva o menor uso dos recursos naturais, como água e plantação para a produção de “novos” alimentos, diminuindo os impactos ambientais.
Diante disso, a partir do fenômeno crescente em todo o mundo de banimento do plástico, ressalto que banir não é a solução. Dado que os materiais descartáveis são as soluções mais eficazes na higiene e controle de doenças. Podemos analisar o cenário há mais de um ano, no qual a pandemia forçou a população a ter mais controle da higiene. Tempo nos quais hospitais e a população mais utilizaram e ainda usam máscaras, além de cateteres e outros materiais descartáveis em ambientes hospitalares, garantido a saúde e qualidade de vida.
Além disso, citando o plástico filme, o material é ideal para embalar e conservar alimentos por muito mais tempo, comparado com outros produtos, como o papel. Visto que o plástico PVC veda por completo o alimento ou tigela, evitando a entrada de patógenos: o que previne uma possível intoxicação alimentar e também o desperdício de alimentos.
Outro ponto é que para higienizar produtos reutilizáveis é necessário mais consumo de água, recurso natural que demanda uso racional. Logo, é de extrema importância usar os produtos de forma consciente e sem exageros, evitando assim, o acúmulo desnecessário de resíduos no planeta.
Para finalizar, lembro que a economia circular e mais sustentável só pode se concretizar se houver o engajamento de todos: desde a indústria até o consumidor final.
(Foto: Freepik)
*Alessandra Zambaldi é diretora de Comércio Exterior na Alpes.
Mais Notícias PI
Garrafas feitas com PET produzido a partir de óleo de cozinha usado começam a ganhar mercado ainda este mês, no Japão. A inovação envolve várias empresas da cadeia química.
13/11/2024
O instituto espanhol Aimplas está à frente do projeto Rewind, que tem como premissa a reutilização de materiais compósitos presentes em pás eólicas.
29/10/2024
Empresas formaram parceria para comercializar na América do Sul resinas feitas com plásticos reciclados e biomateriais.
29/10/2024