Por Adalberto Rezende, da redação.
O desenvolvimento de aços com propriedades que atendam aos requisitos de setores como o agronegócio e a construção civil tem assumido relevância com o aquecimento desses segmentos no Brasil e no mundo.
No ramo do agro, que, aliás, fechou o mês de julho de 2021 com saldo positivo de US$ 10,1 bilhões, índice de exportações de US$ 11,29 bilhões e de importações de R$ 1,23 bilhão, de acordo com comunicado à imprensa emitido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), os aços são amplamente utilizados na produção de peças para máquinas, além de estruturas para acondicionamento da colheita.
Fig. 1 – Amostra de aço inox submetida a testes de resistência à abrasão e à corrosão que fizeram parte de um estudo realizado pela Aperam e pela USP, voltado para o agronegócio. Imagem: Aperam
E no ambiente rural os aços são submetidos a intempéries como umidade do solo, orvalho sobre a lavoura, abrasividade causada pelo contato com pedras e/ou cascalho, e também calor e alternância de temperatura, entre outros. Nesse sentido, há a preocupação quanto à preservação dos materiais metálicos expostos a esse tipo de condição visando à sua durabilidade e à minimização de ocorrências de falhas durante os trabalhos aos quais são submetidos.
O uso de aços inoxidáveis em aplicações no ramo do agronegócio é o tema de um estudo que foi realizado recentemente pela siderúrgica Aperam South America, com unidade fabril na cidade mineira de Timóteo, que contou com a colaboração de pesquisadores do Laboratório de Processos Eletroquímicos da Universidade de São Paulo (USP).
O trabalho teve como premissa a realização de ensaios com chapas de aço inox fornecidas pela siderúrgica, bem como de aço-carbono tradicionalmente usadas para a fabricação de máquinas e implementos para o segmento aqui abordado. Foi comparado o desempenho de ambos os tipos de metais no que diz respeito à sua resistência à abrasão e à corrosão tendo como base as condições típicas do ambiente rural.
Aço inoxidável versus aço-carbono
Os corpos de prova utilizados nos testes foram aços inox laminados a quente das séries 304, 410 e Duplex, e também chapas de aço-carbono estrutural A36, sem revestimento protetivo – no caso, conforme informado pela companhia, sem pintura –, os quais foram submetidos ao contato com uma solução de adubos suínos, apresentando alto índice de umidade.
Um dos aspectos observados nesta etapa do estudo foi que os aços inoxidáveis não apresentaram sinais de corrosão após terem tido contato com a solução mencionada, diferentemente dos aços-carbono, que apresentaram superfície oxidada.
Fig. 2 – Exemplo de equipamento agrícola fabricado em aço inox que foi utilizado em ensaios no escopo da pesquisa. Imagem: Aperam
Sebastião Pereira Júnior, engenheiro de aplicações e desenvolvimento de produtos da Aperam, comentou que, pelo fato de os aços inox apresentarem maior resistência à corrosão em relação aos seus equivalentes, eles podem proporcionar uma otimização da vida útil de equipamentos fabricados com este tipo de metal, assim como “mais sustentabilidade ao negócio”.
“O grande achado nesse experimento foi a conclusão de que o aço inox 410 apresenta uma vantagem competitiva muito alta, pois, além de ficar muito além da do aço comum e ter vida útil muito superior, ele se comportou de forma similar aos dois aços inox mais caros e mais complexos”, complementou.
Transportadores de grãos de aço inox
Em outra etapa do estudo foi avaliado o desempenho quanto à resistência à abrasão e corrosão de transportadores de grãos do tipo rosca helicoidal em versões fabricadas a partir de chapas de aço inoxidável e outras feitas em aço-carbono.
Os ensaios se basearam no processamento de grãos e no índice de umidade de aproximadamente 9% que geralmente está presente em operações desse tipo, em que o resultado final se mostrou muito semelhante ao obtido no teste realizado anteriormente.
De acordo com Sebastião, um dos objetivos do estudo é mostrar como o uso de aço inox na fabricação de máquinas e implementos agrícolas pode contribuir para um aumento de sua vida útil. “Todo esse conhecimento que estamos construindo para o segmento do agronegócio tem respaldo na academia para validar e acelerar o processo de desenvolvimento de produtos. Se há equipamentos que duram de um a dois anos, estamos mostrando que com o aço inox os mesmos produtos podem durar dez”, concluiu.
Entre as possibilidades de aplicação de aços inoxidáveis no agronegócio sugeridas pelos envolvidos no estudo estão: chapas de desgaste, tanques, caçambas basculantes, misturadores de ração, taliscas, bicas de escoamento, distribuidores e secadores de grãos, coberturas, plataformas, entre outros.
Mais informações podem ser obtidas aqui.
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