A VDMA (Associação Alemã de Fabricantes de Máquinas), que tem unidade brasileira localizada em São Paulo (SP), tem promovido uma série de entrevistas com porta-vozes de empresas e associações diretamente ligados à indústria do plástico, como parte dos preparativos para a feira alemã K 2022, grande evento mundial do setor de plásticos que acontece no mês de outubro.

 

Na entrevista a seguir, Korbinian Kiesl, presidente da francesa Billion SAS, fabricante de injetoras representada no Brasil pela LWB/STG (Jundiaí, SP), comenta a necessidade de adaptação dos fabricantes de máquinas ao uso crescente de material reciclado por parte da indústria de plásticos.

 

De acordo com Kiesl, o processamento de reciclados deixou de ser visionário e passou a fazer parte do cotidiano das empresas: “Hoje em dia não nos perguntamos mais se nossas injetoras podem processar material reciclado. Isso agora é natural e cerca de 80% de nossos clientes já fazem uso de reciclados em nossas máquinas, alguns mais, outros menos; mas 80% é uma proporção muito alta, considerando que quase ninguém fazia isso há alguns anos. Três anos atrás, esses clientes estavam olhando para feira K 2019 para ver o que era tecnicamente possível. Eles perguntavam se tínhamos alguma experiência com esses novos materiais. Agora, no entanto, somos capazes de lidar com projetos concretos muito rapidamente”.

 

Ideais de sustentabilidade associados aos altos custos de produção

 

Quanto mais homogêneo o material reciclado, melhores serão os resultados das máquinas, tanto em termos de propriedades físicas quanto de aparência do produto final, mas isso requer uma separação muito boa dos plásticos usados. Na indústria de cosméticos, por exemplo, o uso de reciclados em embalagens era pouco concebível até alguns anos atrás devido à necessidade de manter a aparência impecável dos frascos. “Hoje, há clientes nesta indústria que fazem questão de embalagem com conteúdo reciclado”, comentou o executivo.

 

Outro tópico abordado por ele foi o apelo à sustentabilidade associado à preocupação com os custos de produção: “A inflação, assim como a explosão real de custos da matéria-prima e dos aditivos, mostra que a reciclagem está valendo cada vez mais no difícil cenário econômico atual”.

 

Moldagem “sanduíche” garante aspecto estético dos produtos

 

Para promover o uso de materiais reciclados mesmo em aplicações que necessitam de aparência impecável, a Billion propõe o uso de máquinas de injeção muilti-componentes e do chamado “processo sanduíche”, em que o material reciclado fica na parte interna do produto, e o material virgem fica do lado dfe fora. “O pré-requisito é que as propriedades químicas dos materiais utilizados sejam compatíveis. Um fabricante de móveis, por exemplo, usa o nosso processo para produzir vasos de flores em plástico reciclado, e os clientes da indústria de cosméticos também estão solicitando cada vez mais esse método.”

 

Para executá-lo, as máquinas são dotadas de duas unidades de injeção (imagem ao lado) que unem os diferentes materiais.

Inicialmente é injetado o material virgem, que formará a camada externa do produto, e em seguida o segundo material é injetado no centro da peça. Então o material inicial é usado para finalizar o processo.

 

O executivo acredita que a tendência de uso dos reciclados é irreversível. Mais do que isso, ele afirma que os resíduos não poliméricos também passarão a ser processados cada vez mais. “Nossos clientes já estão fabricando ocasionalmente produtos a partir de biomassa, os quais são biodegradáveis no final de suas vidas. O uso de matérias-primas renováveis e biodegradáveis, incluindo os bioplásticos, certamente aumentará nos próximos anos, e isso não acontecerá inicialmente em áreas sensíveis à qualidade, como tecnologia médica ou indústria automotiva, mas sim no setor de bens de consumo, em linha branca ou em embalagens, por exemplo”, finalizou Kiesl.

 

Imagens: Billion

 

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