por Assunta Napolitano Camilo*
Frequento a feira K desde 2004 e fiquei muito feliz que nesta edição de 70 anos, finalmente, a indústria de máquinas e de matéria-prima entendeu que precisava dar uma resposta para a sociedade em relação à questão dos resíduos plásticos. Esconder ou negar nada ajuda, é importante responder aos anseios, e a reação veio. Agora vamos acompanhar e ficar atentos às ações implementadas.
Houve muitas propostas para resgatar o “passivo ambiental” gerado até aqui pelo descarte de material plástico, principalmente o das embalagens. Poucas pessoas se dão conta da redução do consumo de petróleo proporcionado pelo uso de peças plásticas nos automóveis, que diminuem o peso do veículo e, consequentemente, menor é o consumo de combustível por quilômetro.
A contribuição do plástico na medicina torna os procedimentos mais seguros e fáceis, e, assim, beneficia mais pessoas de forma mais rápida. Da mesma forma, as embalagens plásticas aumentam o shelf-life e são mais leves, seguras e acessíveis.
A redução do impacto ambiental gerado pela menor emissão de CO2 na produção e a questão dos resíduos plásticos descartados, que criam lixões a céu aberto, atraindo toda sorte de problemas e atingindo os lençóis freáticos, rios e mares, foi enfrentada de frente pelos expositores da K. Observei várias propostas para redução deste impacto e assim resgatar a relação com a sociedade e mostrar o valor que o plástico pode entregar.
São vários os caminhos possíveis, como:
Nos estandes de grandes petroquímicas, fabricantes de matérias-primas como Basf, Braskem, ExxonMobil, LyondelBasell e Sabic, estes caminhos foram apresentados através de embalagens propostas.
Em apoio à mudança mundial para a energia elétrica, a Sabic anunciou a transição para veículos elétricos como ponto de partida (Programa BLUEHERO™). Além disso, a empresa apresentou o programa TRUCIRCLE™, desenvolvido para dar aos fabricantes acesso a materiais mais sustentáveis, incluindo design para reciclabilidade, produtos reciclados mecanicamente, produtos circulares certificados, produtos renováveis certificados e iniciativas de circuito fechado.
A GCR, além de produtos similares a estes, lançou uma proposta diferente, os materiais com inclusão de minerais como carbonato de cálcio, talco, sílica, e outros, que geram novas possibilidades e aplicações.
Os fabricantes de equipamentos mostraram como a digitalização e controle de processos, o conceito mais amplo (e rentável) de sustentabilidade, podem contribuir. Com estruturas mais leves, os equipamentos usam menos calor (energia) no processamento e operam com ciclos cada vez mais rápidos. A Arburg produziu copos espumados já decorados e a Wittmann copos de paredes finas, e equipamentos com possibilidade de utilização de PCR.
A Reifenhaeuser optou por transformar os desafios em oportunidades e foi uma das primeiras empresas a investir no R-Cycle, um sistema de rastreabilidade dos plásticos, em conjunto com outras empresas. O R‑Cycle fornece um padrão aberto e globalmente aplicável para o processo automatizado de transferência de dados.
Permite o acesso a todas as informações relevantes para a reciclagem – o fabricante, os tipos de plástico contidos, o conteúdo de material reciclado e de base biológica, e detalhes sobre a aplicação da embalagem na área alimentar ou não alimentar.
Durante o processo de produção, todos os dados são enviados e salvos no servidor R-Cycle com padrão de rastreamento global GS1 para atender às necessidades formais do Passaporte Digital do Produto. Um marcador é aplicado para identificar e ler essa informação em processos posteriores até o sistema de triagem de resíduos. O R-Cycle está aberto a uma variedade de diferentes tecnologias de marcação, por exemplo, a tecnologia QR ou o código de marca d’água digital.
Na segunda etapa do projeto-piloto, um passaporte digital de produto é gerado para cada produto na forma de marcas d’água digitais. Essas marcas invisíveis ao olho humano e duplicadas em toda a superfície do rótulo são a chave importante para vincular as informações ao banco de dados R-Cycle. Os marcadores d’água digitais contêm todas as informações relevantes mencionadas anteriormente e obrigatórias para o Passaporte Digital do Produto.
Com esta tecnologia, os sistemas de triagem de resíduos com um sistema de detecção adequado podem identificar embalagens totalmente recicláveis. No final, isso proporciona a aquisição de materiais de alta qualidade para um sistema de reciclagem verdadeiramente eficaz e garante o mais alto grau de reciclagem. Além disso, esses códigos podem ser lidos por qualquer smartphone, simplesmente usando o aplicativo Digimarc.
É impossível apresentar em um único artigo tantas novidades, por isso, iremos continuar a contá-las nos próximos artigos. Até aqui, estou muito feliz com as iniciativas que vi na feira. Tenho certeza que, logo mais, teremos mais embalagens plásticas melhores, para um mundo melhor.
*Assunta Napolitano Camilo é diretora do Instituto de Embalagens.
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