por Flávio Silva*

 

O ano de 2023 foi marcado por desafios e dificuldades para todo o setor petroquímico. O mercado de resinas (considerando-se aqui PE, PP e PVC) teve crescimento em termos de volume comparável ao do ano anterior, levando em conta as vendas das petroquímicas no mercado interno e as importações). Mas, para manter este índice de crescimento, terá sido necessário que os números do quarto trimestre (ainda em elaboração) tenham um comportamento melhor do que o que se comentou no mercado.

 

No que se refere ao mercado local, pelo andar da carruagem, devemos ter um ligeiro aumento de demanda das resinas aqui mencionadas, tendo em vista que boa parte do volume atendido foi via importações, que só não foram maiores devido aos problemas logísticos do início de outubro.

 

Isso se verifica pela queda na produção local, como veremos mais adiante em um gráfico que mostra este efeito. Abaixo, o primeiro gráfico mostra a demanda trimestral das resinas no mercado brasileiro, desde 2020.

 

Fonte: Ohxide

 

 

O PIB vem crescendo, e terminou o ano em 3,1%, de acordo com o Ipea. Com isso, é esperada uma maior demanda por itens de consumo, que têm muitos plásticos em sua composição. A queda na taxa Selic ainda não se reflete no consumo, mas cria boas expectativas de investimentos para 2024.

 

Pode-se verificar no gráfico acima que o primeiro semestre de 2023 foi melhor que o mesmo período do ano anterior. No entanto, o terceiro trimestre de 2023 foi bem inferior e, de acordo com o IBGE, “o PIB avançou 0,1% no terceiro trimestre de 2023, na comparação com o trimestre imediatamente anterior, já livre de efeitos sazonais, representando uma desaceleração em relação ao crescimento observado nos dois períodos anteriores, quando o PIB avançou 1,4% e 1%, respectivamente”.

 

Dentre as resinas cujo desempenho de mercado foi estudado no final de 2023, a que teve melhor desempenho foi o poli(cloreto de vinila) (PVC), com alta de 6,8% nos primeiros nove meses do ano, frente ao mesmo período do ano passado.

 

O gráfico abaixo trata do histórico recente de importações.

 

Fonte: Ohxide

 

Verifica-se um retorno consistente aos patamares do início de 2021, quando houve a primeira retomada no pós-pandemia. Desde o terceiro trimestre de 2022, principalmente para o polietileno (PE), opera-se com volumes significativos de produto importado (se você quiser saber quem importa, qual origem, qual preços, entre em contato com a Ohxide). Porém, quando forem consolidados os dados do último trimestre do ano, veremos um colapso nestes números, devido aos problemas logísticos que começaram no porto de Houston (impacto maior no PE) e depois aqui no Brasil, em Manaus e Itajaí (dois dos maiores portos do mercado de resinas termoplásticas). Itajaí já normalizou suas operações, porém Manaus ainda está com problemas.

 

O próximo gráfico trata da produção local de resinas.

 

Fonte: Ohxide

 

Fica nítido no gráfico que estes três primeiros trimestres do ano no País tivemos uma redução do volume de resinas termoplásticas produzidas. A Braskem, como principal empresa do setor, apresentou resultados desastrosos e fechou o ano com o terrível impacto da crise ambiental decorrente da operação de sua mina de sal-gema em Maceió (AL).

 

Mas, voltando aos dados de produção, tivemos redução do volume produzido para as três resinas analisadas. Veja o gráfico a seguir:

 

 

Fonte: Ohxide

 

Como pode-se observar, houve grande redução da produção de polietilenos, de quase 10% na comparação dos três primeiros trimestres dos últimos anos (2023 x 2022). Polipropilenos (PP) e PVC tiveram quedas menores, mas também impactantes. No caso do PVC, a queda maior foi da Unipar. Com isso, para o mercado ter um aumento do volume de demanda interna, a compensação foi uma redução de volume das exportações e aumento do volume de importações, como já comentado anteriormente. Aumento das importações significa mais players atuando aqui no País, o que representa mudanças na dinâmica do mercado nacional.

 

Acompanhar todo esse cenário é desafiador, mas a Ohxide pode auxiliar sua empresa. Entre em contato pelo e-mail ohxide@ohxide.com.br, inclusive para sugerir temas a serem tratados nesta coluna.

 

Desejamos aos leitores que o ano de 2024 seja de muitas realizações.

 

 

 

Imagem: tawatchai07/Freepik

 

 

*Flávio Silva é sócio-diretor da Ohxide Consultoria (Rio de Janeiro, RJ e Paulínia, SP)

Opinião Petroquímicos

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